25/09/2002
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03h04
Cineasta Michael Moore acredita que pode mudar o mundo
da Folha de S.Paulo
Em entrevista recente à Folha, Susan Sontag definiu os EUA como um país "surreal". "O que me impressiona é a quantidade de gente louca que vive por lá", disse. "Tiros em Columbine" é o retrato preciso de um dos aspectos não-racionais dos Estados Unidos: o amor pela violência.
O cineasta Michael Moore poderia ter feito de "Tiros em Columbine" uma sátira vazia, seguindo um punhado dos donos de armas malucos e provocando na platéia boas risadas. Mas seu filme é bem mais ambicioso e chega a conclusões pertinentes.
Moore é um documentarista que leva ao pé da letra o clichê da "câmera como arma". Às vezes sua militância política atropela sua argumentação, às vezes fatos históricos são embaralhados sem rigor. Mas o fato é que raras vezes o cinema americano foi capaz de olhar para o próprio umbigo de forma tão lúcida.
O que há de mais provocativo no cinema de Moore não são as críticas fáceis a George Bush e à política militarista dos EUA, mas sua cara-de-pau ao recorrer à chantagem e ao sentimentalismo para chegar onde quer.
A câmera de Moore não mata, mas humilha. O cineasta recorre, enfim, à manipulação emocional, algo que também é parte indissociável do cinema americano. Se tem o direito de fazer isso em nome de suas convicções e do que acha justo, bom, essa é a grande questão do cinema documental. Moore, pelo menos, ainda acredita que pode mudar o mundo com o cinema. Existe beleza aí, apesar de tudo.
Tiros em Columbine Direção: Michael Moore Produção: EUA, 2002 Quando: primeira sessão no dia 3/10, 16h30, no cine Estação Botafogo 1; mais informações no site www.festivaldoriobr.com.br
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