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Crítica
15/10/2002 - 11h40

Veneno e antídoto de Frusciante em noite redentora do Chili Peppers

DIEGO ASSIS
da Folha de S. Paulo

O primeiro foi fraco, o segundo, abaixo da crítica, mas o terceiro show do Red Hot Chili Peppers no Brasil desde a volta do guitarrista John Frusciante deve apagar de uma vez por todas da memória a sensação de que o quarteto californiano jamais faria outra apresentação como a do Hollywood Rock de 93 -na qual, vale lembrar, o guitarrista foi substituído por Arik Marshall.

Veneno e antídoto residem no próprio Frusciante. Em 1999, as altas expectativas de conferi-lo em ação na turnê do disco "Californication" mostraram-se frustradas, com o músico enfim livre das drogas, mas infinitamente menor do que aquele que gravara o tão falado "Blood Sugar Sex Magic", álbum de 91.

A sensação de revê-lo dois anos depois, no encerramento do Rock in Rio 3, variava entre o descrédito e a pena: literalmente babando e com as calças caindo, não conseguia se encaixar, solar, ou seja, cumprir o seu papel -que já não é para qualquer um- de "quarto chili pepper".

Sua performance no último sábado, diante de um Pacaembu lotado por 50 mil pessoas, finalmente o redimiu. Pequeno no palco, gigante no telão e na música, Frusciante surpreendeu mais uma vez, reproduzindo e/ou improvisando as sofisticadas guitarras e texturas de "By the Way", nono e mais recente trabalho do grupo e espinha dorsal desta miniturnê brasileira.

Em contraste à inevitável tendência do público em acender isqueiros e bater palminhas com o adocicado repertório desta nova fase dos Chili Peppers, John Frusciante foi rocker e prestou heróico tributo a seus deuses da guitarra -Hendrix, Harrison, Page, Ramone, Marr...

À procura do timbre ideal, Frusciante trocava de guitarra a cada música, fazia pose, parelha com Flea e Chad Smith, backing vocals -afinados!- à Beach Boys e tudo o que dele se esperara nas ocasiões anteriores.
Anthony Kiedis, outro que vinha decepcionando ao vivo de uns tempos para cá, também fez bonito -não no sentido, digamos, físico, responsável por arrancar, a cada close no telão, gritos histéricos da ala feminina, na linha de "Ai, meu Deus, que homem!" ou "Lindo! Maravilhoso! Casa comigo!".

Com suas tradicionais luvas de couro pretas, o vocalista dos Chili Peppers deixou o porte atlético em segundo plano (preferiu uma simples camiseta branca cavada) e transitou com desenvoltura entre as mais românticas "Don't Forget me", "The Zephyr Song" e "Scar Tissue" e as mais explosivas "Give It Away", "Me and My Friends" e "Suck my Kiss".

Como era de se esperar, o cargo de relações públicas da banda ficou mesmo com Flea e suas interferências alopradas no microfone, falando uma língua que nem nós, nem a sua própria banda compreende bem. "Paz em todo lugar. Guerra em nenhum lugar", isso deu para entender. E alguém duvida que ele tocou bem?

O baterista Chad Smith também brilhou em São Paulo. Não bastasse nos brindar com sua impecável e decidida apresentação, fez participação especial tocando percussão na abertura do Detonautas Roque Clube e voltou ao palco para o bis vestindo camisa da seleção brasileira.
Todo o resto (o som muito baixo, o empurra-empurra e o repertório manjado) a gente perdoa.

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