Livraria da Folha

 
24/09/2010 - 13h33

Canções de Lou Reed ganham coletânea com tradução para o português

ARIADNE ARAÚJO
colaboração para a Livraria da Folha

Divulgação
Poeta das ruas, Reed compôs 310 canções em 45 anos de carreira
Poeta das ruas, Reed compôs 310 canções em 45 anos de carreira

Impressas assim no papel, agora traduzidas nas páginas de um livro, as canções de Lou Reed parecem pedir seu universo natural - as cordas afinadas da guitarra do roqueiro americano que atravessou décadas no cenário rock'n'roll. Em "Atravessar o Fogo - 310 letras de Lou Reed" (Companhia das Letras), os fãs ganham antologia completa do trabalho do homem conhecido como o pai da música alternativa e líder da banda de vanguarda da década de 60, a Velvet Underground.

No prefácio, Lou Reed em pessoa diz não ter nenhuma canção favorita. "Fico espantado pelo simples fato de ser capaz de escrevê-las, e não tenho um entendimento profundo do processo, apenas sei que, quando consigo, é relativamente fácil de fazer em, quando não consigo, é mais ou menos como desmontar o motor de um carro". Do álbum Magia e perda - a soma final, saiu o título do livro. Deste disco também, um verso preferido: "Quando você atravessa o fogo que lambe seus lábios".

A proposta original do disco era lançar canções sobre magia, "a habilidade de fazer desaparecer a si mesmo", diz o compositor. Mas, enquanto escrevia as canções do novo disco, um amigo morreu de câncer no intervalo de um ano. Então, o trabalho em andamento ganhou nova dimensão. "Queria criar uma música que ajudasse em um momento de perda". Estas forças estranhas acompanham o compositor ao longo de sua vida profissional. Uma atmosfera sombria, mas também canções de amor, como em "I'll be your mirror".

Álbum a álbum - entre eles, os realizados com a Velvet Underground -, surge o que Lou Reed chama de sua "psicologia das ruas". E, em uma segunda etapa de sua vida, também as lições a serem aprendidas. Na abertura dos capítulos-álbuns, as capas dos discos a que se referem. Por exemplo, ainda na sua fase com a Velvet Underground, a capa do disco de estreia traz uma banana, pensada e realizada pelo artista pop Andy Warhol, na época, produtor e mentor da banda.

Para, os tradutores Christian Schwartz e Caetano W. Galindo, a ideia foi construir "versões" que permitem ao leitor compreender as canções de Lou Reed. A dupla de curitibanos tentou ainda preservar este tipo de "vocabulário rock'n'roll" que, segundo eles, "via de regra gera mero nonsense se traduzido", mas que certamente será bem assimilado por leitores acostumados com este universo.

Quem revela a dificuldade da tradução é o próprio Lou Reed: "Os tradutores me pedem explicações sobre palavras e frases que não posso dar. Algumas coisas me são desconhecidas. Algumas perguntas não podem ser respondidas. E certas vezes escrever significou apenas seguir o ritmo e o som e inventar palavras sem sentido algum além da sensação que transmitiam."

 
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