Livraria da Folha

 
11/12/2009 - 17h54

Editor da Arte Paubrasil assume A Girafa e abre contratações

SÉRGIO RIPARDO
colaboração para a Livraria da Folha

O poeta Raimundo Gadelha, sócio das editoras Escrituras e Arte Paubrasil, fechou acordo para assumir os selos A Girafa e Girafinha. Além do catálogo, o negócio inclui ainda os estoques (físico e consignado). O jornalista e escritor José Nêumanne Pinto, que era sócio da editora A Girafa, vira parceiro de Gadelha e será responsável pelo conselho editorial.

"Vamos contratar um reforço na área de vendas, expedição, divulgação e assessoria de imprensa. De início, vamos abrir quatro vagas", disse Gadelha à Livraria da Folha.

Ele diz que uma cláusula de confidencialidade impede a divulgação de valores presentes no contrato de cessão total e definitiva das marcas A Girafa e Girafinha, que inclui a aquisição da totalidade do catálogo e estoques para a Editora Arte Paubrasil (nome fantasia da Manuela Editorial Ltda).

Gadelha informa apenas que o acervo adquirido envolve 220 títulos publicados (pouco menos da metade é da Girafinha, selo infantil), enquanto os estoques somam cerca de 200 mil exemplares. Com o negócio, José Nêumanne Pinto vira sócio da Manuela Editorial.

Gravatas-borboleta

A Girafa e Girafinha passam a funcionar no mesmo endereço da Arte Paubrasil, na Vila Mariana (zona sul de São Paulo). Gadelha disse que as negociações demoraram alguns meses devido às dificuldades de conciliar agenda com Alessandro Veronezi, outro proprietário de A Girafa.

Com a proposta de explorar o nicho editorial cult, A Girafa (nome inspirado em textos de Guimarães Rosa e Murilo Mendes) nasceu em 2003 com a sociedade de Pedro Paulo de Sena Madureira, ex-Siciliano, com os empresários Antonio Veronezi (Universidade de Guarulhos e Shopping Internacional de Guarulhos) e Roberto Vidal (proprietário da gráfica ArtPrinter).

No começo de 2005, Madureira se afastou da editora, a pedido dos sócios, para não vincular o nome da empresa aos problemas do Banco Santos, de Edemar Cid Ferreira, amigo do publisher famoso por suas gravatas-borboleta.

Entre as obras publicadas pela editora A Girafa, está "Típicos Tipos", uma coletânea de perfis literários, finalista do prêmio Jabuti de 2005, lançado pelo frade dominicano Frei Betto.

Vendas menores e inadimplência maior

Questionado pela Livraria da Folha sobre a influência da crise econômica no negócio, Gadelha afirmou que, ao saber da possibilidade de venda dos selos, demonstrou interesse e passou a estudar as bases do negócio, já que são marcas fortes no mercado, que não poderiam ser descontinuadas. Ele disse desconhecer se outras editoras se candidataram a comprar as marcas.

"Foi um ano duro para os editores. Fomos castigados pela crise. Infelizmente, o livro é considerado um bem supérfluo, é a primeira despesa a ser cortada e a última despesa a ser paga também", disse Gadelha.

Segundo ele, 2009 vai terminar com vendas menores e inadimplência um pouco maior na comparação com anos anteriores. "2010 será talvez um ano um pouco melhor, mas também será difícil. Vai exigir criatividade e versatilidade do mercado, que terá de costurar alianças, parcerias com distribuidoras, livrarias e pontos de venda alternativos. Não dá para deixar no piloto automático, como na época de vacas gordas."

Ele afirmou que os editores já começam a sentir uma certa queda provocada pela internet, pelos downloads. "O e-book está caminhando a passos largos. Temos que nos adaptar aos novos tempos. Quem não se reciclar e não encontrar o seu espaço nessa nova realidade vai ter sérios problemas."

 
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