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Mulheres brilham mais que homens em Sydney

01/10/2000 - 19h33

da Folha Online

As mulheres brilharam nos Jogos Olímpicos de Sydney, tanto ou mais que os homens. A norte-americana Marion Jones e a australiana Cathy Freeman foram as mais assediadas pela mídia, mas ao longo das competições outras heroínas olímpicas roubaram a cena.

A australiana Cathy Freeman foi, indubitavelmente, a favorita sentimental dos Jogos. Freeman, de origem aborígene, acendeu a tocha olímpica na cerimônia de abertura. A australiana é uma das porta-vozes contra a discriminação social que sofre o seu povo.

A escolha de Freeman não foi por acaso. A intenção foi a de mostrar como é possível a reconciliação entre a maioria branca e a minoria aborígene discriminada desde o início da colonização britânica no século 18.

Mas o momento sublime de Freeman foi a conquista da medalha de ouro nos 400 m rasos, prova que domina há três anos no circuito mundial de atletismo. Com a vitória, a australiana tornou-se a primeira aborígene a ganhar uma medalha de ouro na história.

Ao lado de Freeman, brilhou com igual ou mais força o rosto da norte-americana Marion Jones, que surpreendeu a todos dizendo, antes dos Jogos, que ganharia cinco medalhas de ouro. Jones conquistou cinco medalhas, sim, mas duas delas foram de bronze. Venceu os 100 m, 200 m e os 4 x 400 m rasos e foi bronze no salto em distância e nos 4 x 100 m rasos.

Frustrada por não ter alcançado os cinco ouros, Jones ainda foi abalada pela acusação de doping feita a seu marido, Catriell Jones, campeão mundial de arremesso de peso, pelo Comissão Antidoping Internacional, entidade ligada ao COI (Comitê Olímpico Internacional). Jones não competiu nos Jogos, alegando contusão.

A alemã Heike Dreschler, ouro no salto em distância, com 6,99 m, foi a vedete do atletismo mais por ter derrotado Marion Jones, impedindo que ganhasse cinco medalhas de ouro, do que pela vitória. O que nem todos sabem é que Dreschler é considerada uma das melhores atletas do salto em distância de todos os tempos. Em 1992, foi ouro em Barcelona, o que não foi surpresa ter repetido a dose em Sydney. Aos 35 anos, derrotou as favoritas do momento, Fiona May, da Itália, e Marion Jones.

Outro destaque feminino foi a jamaicana Merlene Ottey, 40, que quase sobe ao pódio nos 100 m rasos, chegando em quarto, a dois centésimos de segundo da terceira colocada. Ottey também contribuiu em arruinar o objetivo de Jones. Nos 4 x100 m rasos, ajudou a Jamaica a obter a medalha de prata, à frente dos EUA, em duelo nos 100 m finais.

Uma das provas mais 'atraentes' foi a do salto com vara feminino, disputado pela primeira vez em Olimpíada. A norte-americana Stacy Dragila, a australiana de origem russa Tatiana Grigorieva e a islandesa Vala Flofadottir chamaram a atenção pelo talento e pela beleza.

A norte-americana Marla Runyan, que possui apenas 25% de visão , superou a limitação física e chegou a uma final olímpica. Conseguiu o oitavo lugar na final dos 1.500 m rasos. Durante as corridas, Runyan pressentia suas rivais unicamente pela respiração.

A nigeriana Glory Alozie deu prova de que a força de vontade pode superar a desgraça pessoal. Duas semanas antes de competir recebeu a notícia de que seu namorado havia morrido atropelado por um carro em Sydney.

Abalada, Alozie perdeu vários quilos e apenas se alimentava pelas mãos de seu treinador. A nigeriana, mesmo assim, correu as eliminatórias dos 100 m com barreiras, chegou à final e conquistou a medalha de prata. Segundo os técnicos, teria facilmente alcançado o ouro se não estivesse tão debilitada.

Se Alozie representa a força de espírito, a também africana Nouria Merah-Benida, 30, encarna a determinação. A inesperada medalha de ouro da argelina nos 1.500 m rasos foi uma vitória das mulheres árabes, que vem superando os obstáculos políticos e sociais para poder treinar e competir em provas internacionais.

O desespero também tomou contou da ginasta romena Andreea Raducan, 16, que havia ganho duas medalhas de ouro e uma de prata, e foi a grande estrela da ginástica artística. Mas um teste antidoping encontrou a presença de efedrina em seu corpo e manchou a sua perfomance nos aparelhos.

Segundo o seu médico, Raducan, resfriada, tomou dois comprimidos contra a gripe, receitados por ele. O COI não aceitou a justificativa dos dirigentes romenos e cassou o ouro ganho na prova individual. Mesmo assim, a entidade manteve as outras duas medalhas, já que naquelas competições o exame antidoping dera negativo.

A holandesa Leontien Zijlaard foi a rainha do ciclismo, com três medalhas de ouro. Absoluta, venceu as provas de contra-relógio de estrada, perseguição individual e na estrada, além de obter uma de prata por pontos.

Na natação, a também holandesa Inge de Bruijn, 27, foi a grande sensação. Nas semifinais, quebrou o recorde mundial dos 100 m livre, com 53s77. No dia seguinte, conquistou o ouro. Não contente, nos dias seguintes ganhou mais duas medalhas de ouro (100 m borboleta e 50 m livre) e também bateu ambos os recordes.

A norte-americana Jenny Thompson também fez história na natação: ganhou três de ouro, todas nas provas de revezamento, e acumulou a sua oitava medalha de ouro em Jogos Olímpicos.

A família Williams acaparou as medalhas no tênis. Venus foi imbatível no torneio individual e , ao lado de sua irmã Serena, também levou o ouro nas duplas.

A chinesa Fun Mingxia igualou uma façanha só alcançada pelos norte-americanos Greg Louganis e Pat McCormick, ao conquistar a sua quarta medalha dourada no trampolim de três metros, nos saltos ornamentais.



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