Diego
Medina
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Por que tenistas talentosos, vencedores, campeões, se vêem
derrotados implacavelmente algumas vezes por jogadores de
nível técnico mais fraco?
Como um Gustavo Kuerten perde para um Wayne Arthurs na primeira
rodada de um Grand Slam? Como um Pete Sampras cai diante de
um Ramón Delgado também em um Grand Slam? O que faz acontece
a um Patrick Rafter diante de um Galo Blanco?
O tênis é um caixinha de supresa? Um tenista campeão acorda
de tal maneira que, naquele dia, não consegue ganhar de ninguém?
O saque não entra? Os erros não-forçados são fundamentais?
Esqueça!
Como em outros esportes (e por que o tênis haveria de ser
diferente?), no tênis o coração tem, sim, um peso muito grande
na carreira dos maiores atletas, seja na grama, no saibro,
no cimento ou no carpete.
O exemplo mais claro dessa oscilação hoje não é, como muitos
gostam de citar, Gustavo Kuerten, mas Andre Agassi.
Quando conquistou seu primeiro título (no Brasil, diga-se
de passagem), estava com a mãe, de quem o ídolo do tênis já
se revelou fã. "Garoto-família", era seguido também por sua
irmã quando começou a despontar no ranking mundial.
Sua carreira correu bem (e como!) até que o casamento com
a atriz Brooke Shields começou a fazer água. O garoto mais
celebrado de Las Vegas viu-se subitamente fora até da lista
dos 100 melhores tenistas do planeta.
Como um tenista que não consegue ver a bola pingar duas vezes
na quadra adversária, Agassi não conseguiu também manter seu
casamento, tido como um dos mais simpáticos e positivos entre
os norte-americanos.
Triste, chegava a convidar jornalistas que nunca havia visto
para que o acompanhasse em jatinhos entre um torneio e outro.
O rendimento nas quadras, óbvio, era pífio.
Mas, então, com um romance, veio novamente o melhor tênis.
Não "um", mas "o" romance. Com Steffi Graf, rainha das quadras
também de tênis.
Agassi voltou a jogar bem. Aprendeu com Graf algumas palavras
em alemão e, sugestão dela, passou a jogar mais beijos para
o público sempre que vencia (para os quatro lados da quadra,
diga-se de passagem).
Parecia imbatível. Jogava sorrindo. Entre um saque e outro,
um olhar para a namorada. Entre um título e outro, jantares
e show de mãos dadas com a namorada. A namorada e o melhor
tenista de 1999.
Em 2000, parecia que nada atrapalhava o coração de Agassi.
Começou vencendo o primeiro Grand Slam da temporada, na Austrália.
E continuava sorrindo.
Mas foi isso. Nenhum mais sucesso de janeiro a agosto.
Até que, em Washington, chegou à final. Na festa americana,
com bandeiras e tempero local, acabou derrotado por Alex Corretja.
Sentiu-se humilhado. Chorou. Pediu desculpas ao público pelo
seu desempenho, classificado por ele próprio como medíocre.
Relatos de quem está acompanhando o tenista dão conta de que
ele está triste. Para alguns, perdeu o tesão de jogar. Para
outros, não está mais tão apaixonado. Para outros ainda, sofre
com um câncer (não confirmado) de sua mãe.
A certeza é que, além de um saque fora e erros não-forçados,
um coração triste não faz a bola passar da rede.
Notas
DO LADO DE LÁ
A Argentina vai receber um ATP Tour na próxima temporada.
O torneio poderia ter vindo para o Brasil. São Paulo, Rio
de Janeiro ou Florianópolis poderia ter recebido, mas é Buenos
Aires que vai receber as estrelas do circuito profissional.
Evento International Series, distribui US$ 600 mil e será
disputado no Buenos Aires Lawn Tennis Club.
DO LADO DE CÁ
Engajado na tentativa de levar o tênis ao maior número de
pessoas, o Banco do Brasil inaugurou programa com 200 crianças
em São Paulo.
Coordenado pela ex-tenista Andréa Vieira, é um programa para
ser levado a sério se o banco não fizer dele apenas uma jogada
de marketing.
E-mail: reandaku@uol.com.br
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23/08/00 - Um troféu novo, uma prateleira cheia
16/08/00 -
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