Barrichello
foi ou não beneficiado por Schumacher na manobra mais
espetacular da F-1 nesta temporada?
Como
dizia Baiano, um jornalista free-lancer que frequentou a F-1
nos difíceis primeiros anos sem Senna, "esse rapaz
tem problema, é muito azarado".
Apesar de essa coisa de sorte e azar ser, muitas vezes, pura
bobagem, principalmente em se tratando de esporte, Barrichello
não entrará para a história como um piloto
de estrela, pelo contrário.
Ajudado ou não pelo companheiro, Barrichello fez uma
boa manobra em Barcelona para garantir a terceira colocação
em um GP feito sob medida para a McLaren. Mas, longe de ser
uma unanimidade, o piloto brasileiro, para muitos, só
fez o que fez graças ao alemão, que por pouco
não tirou seu irmão da pista.
Do outro lado, no que parece ser a norma desta temporada,
Barrichellistas, irados, urram contra aqueles que não
viram habilidade e talento na dupla ultrapassagem sobre os
irmãos alemães.
O que fica do episódio, porém, é a certeza
de que Barrichello terá que fazer o possível
e o impossível para acabar com o esquizofrênico
apoio que recebe de seu público.
Barrichello não fez o impossível em Barcelona.
Teria feito se Schumacher estivesse em plenas condições
de corrida, o que, sabemos, não é verdade _pouco
antes mostrou estar com problemas ao não conseguir
segurar Coulthard.
A manobra também não parece ter sido planejada,
já que esse tipo de estratégia, necessariamente,
significa sacrifício de uma das partes _Schumacher
não estava fora da corrida, tanto que parou na sequência,
trocou pneus (fonte do problema) e ainda pontuou.
Finalmente, a altercação mecânica da família
Schumacher ocorreu por simples defesa de posição.
Se o mais velho não empurrasse o mais novo para fora
do trilho, estaria dando o posto.
É apenas nesse momento que Barrichello entra na história.
Até então apenas testemunha, aproveitou a brecha
aberta no lado de dentro da curva para ultrapassar os dois.
E é justamente aqui que começa a confusão
dos torcedores: antes de ter feito uma manobra espetacular,
Barrichello fez o que deveria fazer, ou seja, aproveitar a
avenida que se abriu à sua frente e acelerar. Seria
um estúpido se não fizesse isso.
Na verdade, se o piloto brasileiro foi beneficiado por um
Schumacher, este foi Ralf, que perdeu o controle da situação
na curva anterior, à esquerda, quando tentou superar
o irmão por dentro e não conseguiu, ficando
confinado ao lado de fora (e sujo) da pista na curva seguinte,
à direita.
Tivesse deixado Schumacher fechando livre a primeira curva,
talvez conseguisse espaço para tentar matar o problema
na segunda, por dentro, inclusive bloqueando Barrichello.
Caso não tivesse sucesso, poderia aguardar um melhor
momento ou mesmo a entrada de Michael nos boxes.
O próprio bicampeão afirmou, depois, que o erro
de seu irmão fora tentar ultrapassar por fora.
Enfim, a manobra pareceu espetacular, mas não foi,
o que pouco interessa. Mas, como se trata de Barrichello,
vira polêmica.
E isso só vai acabar quando Barrichello for irretocável
na pista, acima de sortes ou azares.
Notas
US GP
O GP dos EUA, em setembro, poderá produzir o maior
público da história da F-1. Todos os ingressos
com lugares marcados, 200 mil, variando de US$ 45 a US$ 150,
já foram vendidos. Restam 30 mil ingressos populares
(US$ 30 a US$ 50), e a expectativa é de que pelo menos
25 mil sejam adquiridos. Se isso acontecer, 225 mil pessoas
estarão em Indianápolis, batendo o recorde da
categoria, 205 mil, do último GP da Austrália
realizado em Adelaide, em 1995. No Brasil, o ingresso mais
barato sai por US$ 100.
Sexta-feira
Briatore foi o último a reclamar. Cresce o movimento
para ou acabar com os treinos de sexta ou reabilitá-los
de vez. No segundo caso, o grid seria definido ou por soma
ou pela média dos tempos obtidos nos dois dias. Ecclestone
é o maior opositor.
E-mail: mariante@uol.com.br
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