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Sábado, 13 de maio de 2000

Espetacular ou espetaculoso

José Henrique Mariante
     
Diego Medina

Barrichello foi ou não beneficiado por Schumacher na manobra mais espetacular da F-1 nesta temporada?

Como dizia Baiano, um jornalista free-lancer que frequentou a F-1 nos difíceis primeiros anos sem Senna, "esse rapaz tem problema, é muito azarado".

Apesar de essa coisa de sorte e azar ser, muitas vezes, pura bobagem, principalmente em se tratando de esporte, Barrichello não entrará para a história como um piloto de estrela, pelo contrário.

Ajudado ou não pelo companheiro, Barrichello fez uma boa manobra em Barcelona para garantir a terceira colocação em um GP feito sob medida para a McLaren. Mas, longe de ser uma unanimidade, o piloto brasileiro, para muitos, só fez o que fez graças ao alemão, que por pouco não tirou seu irmão da pista.

Do outro lado, no que parece ser a norma desta temporada, Barrichellistas, irados, urram contra aqueles que não viram habilidade e talento na dupla ultrapassagem sobre os irmãos alemães.

O que fica do episódio, porém, é a certeza de que Barrichello terá que fazer o possível e o impossível para acabar com o esquizofrênico apoio que recebe de seu público.

Barrichello não fez o impossível em Barcelona. Teria feito se Schumacher estivesse em plenas condições de corrida, o que, sabemos, não é verdade _pouco antes mostrou estar com problemas ao não conseguir segurar Coulthard.

A manobra também não parece ter sido planejada, já que esse tipo de estratégia, necessariamente, significa sacrifício de uma das partes _Schumacher não estava fora da corrida, tanto que parou na sequência, trocou pneus (fonte do problema) e ainda pontuou.

Finalmente, a altercação mecânica da família Schumacher ocorreu por simples defesa de posição. Se o mais velho não empurrasse o mais novo para fora do trilho, estaria dando o posto.

É apenas nesse momento que Barrichello entra na história. Até então apenas testemunha, aproveitou a brecha aberta no lado de dentro da curva para ultrapassar os dois. E é justamente aqui que começa a confusão dos torcedores: antes de ter feito uma manobra espetacular, Barrichello fez o que deveria fazer, ou seja, aproveitar a avenida que se abriu à sua frente e acelerar. Seria um estúpido se não fizesse isso.

Na verdade, se o piloto brasileiro foi beneficiado por um Schumacher, este foi Ralf, que perdeu o controle da situação na curva anterior, à esquerda, quando tentou superar o irmão por dentro e não conseguiu, ficando confinado ao lado de fora (e sujo) da pista na curva seguinte, à direita.

Tivesse deixado Schumacher fechando livre a primeira curva, talvez conseguisse espaço para tentar matar o problema na segunda, por dentro, inclusive bloqueando Barrichello. Caso não tivesse sucesso, poderia aguardar um melhor momento ou mesmo a entrada de Michael nos boxes.

O próprio bicampeão afirmou, depois, que o erro de seu irmão fora tentar ultrapassar por fora.

Enfim, a manobra pareceu espetacular, mas não foi, o que pouco interessa. Mas, como se trata de Barrichello, vira polêmica.

E isso só vai acabar quando Barrichello for irretocável na pista, acima de sortes ou azares.



Notas

US GP
O GP dos EUA, em setembro, poderá produzir o maior público da história da F-1. Todos os ingressos com lugares marcados, 200 mil, variando de US$ 45 a US$ 150, já foram vendidos. Restam 30 mil ingressos populares (US$ 30 a US$ 50), e a expectativa é de que pelo menos 25 mil sejam adquiridos. Se isso acontecer, 225 mil pessoas estarão em Indianápolis, batendo o recorde da categoria, 205 mil, do último GP da Austrália realizado em Adelaide, em 1995. No Brasil, o ingresso mais barato sai por US$ 100.

Sexta-feira
Briatore foi o último a reclamar. Cresce o movimento para ou acabar com os treinos de sexta ou reabilitá-los de vez. No segundo caso, o grid seria definido ou por soma ou pela média dos tempos obtidos nos dois dias. Ecclestone é o maior opositor.



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