São Paulo, quinta-feira, 17 de maio de 2007

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Plano B ou nada

"Dólar despenca" e "desaba" foram algumas das manchetes, na web e nos telejornais. A explicação era curiosa. Foi por causa da "melhora na classificação de risco do Brasil", no Valor Online. Foi porque uma "agência elevou a classificação", na Folha Online. Não adiantou o governo gastar bilhão para conter a queda. No fim do dia, um analista, entre vários que surgiam, declarou a dois sites que o mercado espera o Plano B do Banco Central, "um corte substantivo" nos juros.
No exterior, o "Financial Times" destacou a notícia, mas dizendo que "o real liderou o ataque das moedas dos emergentes contra o dólar", de Israel às Filipinas. E que a explicação estava na inflação dos EUA, que se revelou ontem menor que o esperado, "aumentando o apetite [dos investidores] pelo risco" no Brasil etc.

NÃO É "THRILLER"
Jim O'Neill, economista da Goldman Sachs, célebre por ter criado o acrônimo BRIC, escreveu ontem no "Financial Times" que o dólar cada vez mais "fraco", na Europa e nos emergentes, não é nenhum "thriller", é até uma história "boring", tediosa. Mas sugeriu que pode ser boa idéia jogar com "persistência" no dólar, contra as moedas dos Brics. "Deverá ser compensador."
Ele também fez a previsão de que, mais para a frente, as "volatilidades no câmbio internacional" devem crescer.

A NOTA E A BOLSA
No exterior, Bloomberg e Reuters noticiaram, mais até que o impacto sobre o dólar, o efeito da nota maior do Brasil na agência Standard & Poor's sobre a Bovespa, com novo "recorde". Na Folha Online, o ministro da Fazenda também festejou mais do que chorou os efeitos da nota cada vez maior. E arriscou que o "grau de investimento", a avaliação máxima tão desejada, "virá quando o PIB alcançar 5%".
Na Reuters, a agência Fitch avisou que vai demorar e não é sequer para o ano que vem.

latimes.com
Stang na capa do 'LA Times'

AGORA, EM TODOS
Como esperado, ecoou pelo mundo a condenação de um dos mandantes da morte de Dorothy Stang, no Pará. Como saiu quase à noite, foi capa só no "Los Angeles Times", da Califórnia em diante no fuso, e apareceu nas edições tardias do "New York Times" e do "Washington Post" com textos de agências. Nos americanos e nos europeus que adiantaram textos ontem nos sites, como "El País" e o "Guardian", elogios até nas reportagens à resposta positiva ao "teste de justiça", ao "desafio à impunidade". No "Guardian", um artigo do ativista Conor Foley sublinhou a reação de Tim Cahill, da Anistia Internacional, para quem a atenção internacional "forçou o governo a agir rapidamente, o que tem sido muito bom". Mas ele espera agora que "não aconteça só neste caso e sim em todos os assassinatos".

MAIS SILÊNCIO
No meio da reportagem do "LA Times" e depois noutra, da BBC Brasil, os familiares e amigos de Dorothy Stang lamentaram a maneira como o papa Bento 16 evitou citar a questão na viagem ao Brasil.
"O papa não reconheceu o milagre da vida de Dorothy", disse seu irmão Thomas, de Los Angeles. O motivo, dado pelos textos, seria a ligação com a Teologia da Libertação.

AS FRAQUEZAS
O alemão "Süddeutsche Zeitung" fez violento editorial da viagem, "As fraquezas do papa". Na tradução da BBC, "o culto Ratzinger mostrou fraquezas assustadoras em assuntos históricos", como ao afirmar que os índios estavam "à espera do cristianismo".
O jornal ironizou que, em 1492, "ficavam olhando o mar, pensando: "Quando é que nós vamos poder ser cristãos?'".

SEM ANTIPIRATARIA
Durante algum tempo, foi manchete ontem à tarde, do NYT.com aos sites financeiros, o anúncio da Amazon de que deve passar a vender músicas on-line "sem tecnologia antipirataria", até o fim do ano. Explica-se assim por que Steve Jobs, da Apple, concorrente da Amazon com seu iTunes, saiu ele também, poucos meses atrás, em defesa do comércio on-line de música sem as travas antipirataria exigidas pelas gravadoras. Por enquanto, só a EMI aceita a idéia. A Universal e a Sony balançam. A Warner é contra.

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@ - Nelson de Sá


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