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Análise

Mergulhado na 'tradição', quiabo ainda não completou sua trajetória culinária

CARLOS ALBERTO DÓRIA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O quiabo tem uma importância muito grande na culinária brasileira, especialmente pelo seu aspecto simbólico. Ele, assim como o dendê, é um claro marcador cultural da componente "africana" da nossa ideia de culinária brasileira. Isso é, do mito de que ela se fez através do concurso de índios, negros e brancos. Comidas de santo, como o caruru ou o frango com quiabo mineiro apontam nessa direção: a África nas panelas. Isso de uma perspectiva analítica que aproxima um determinado ingrediente de um universo étnico.

Do ponto de vista gustativo, o quiabo também tem se mostrado rico em explorações. Normalmente, a baba é uma característica pouco apreciada, mas as pesquisas recentes de chefs como Roberta Sudbrack, do Rio de Janeiro, tem dado novo tratamento a essa característica, despertando novo interesse. Também as sementes são usadas isoladamente, chamadas de "caviar".

Assim, podemos dizer, o quiabo ainda não completou a sua trajetória culinária, não deu tudo de si, de forma que a renovação e ampliação dos seus usos asseguram um futuro de interesse para algo que estava mergulhado na "tradição" e na mesmice de uma certa culinária popular.

CARLOS ALBERTO DÓRIA é sociólogo, professor do IFCH-Unicamp, autor de vários livros sobre cultura e gastronomia

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