São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2011

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Menu 'exótico' teve de ser mudado nos EUA

Com 144 pratos, Bossa Nova, em Los Angeles, adaptou receitas para agradar ao paladar dos clientes americanos

Em Madri, restaurantes brasileiros também não conseguem se livrar do ar de exotismo, embora estejam lá há 30 anos


FERNANDA EZABELLA
DE LOS ANGELES
LUÍSA BELCHIOR
DE MADRI

Tem mandioca frita, croquete de camarão e churrasquinho no pão. E também burrito, ainda que de feijão-preto. O Bossa Nova é o restaurante brasileiro mais conhecido de Los Angeles, com três unidades em pontos badalados da cidade e um longo cardápio de 144 pratos com pizzas, pastas e carnes.
O local foi fundado em 1993 por dois brasileiros, o carioca Aurélio Martins e o soteropolitano Francisco Freire, numa história que lembra bem os contos americanos: chegaram ao país sem dinheiro, ralaram como motorista, entregador de pizza e guia turístico, até conseguirem abrir seu próprio negócio, hoje frequentado por celebridades.
No início, o objetivo era montar um restaurante típico brasileiro, mas a clientela da West Hollywood, bairro gay de Los Angeles, não abraçou o menu "exótico".
"Tentamos uma feijoada, mas o pessoal olhava aquele negócio cheio de feijão e de carne de porco, não vendia", afirma Martins.
"Tomamos um choque. Rapidamente nos adaptamos ao paladar da comunidade para sobreviver. E assim evoluiu o cardápio que temos hoje, bem abrangente", continua o dono, que classifica o Bossa Nova como um "restaurante continental com um toque brasileiro em cada prato".

VALIDADE
Se na época a dificuldade era conseguir os produtos, que muitas vezes chegavam vencidos, hoje o desafio é conseguir mão de obra qualificada, já que boa parte dos cozinheiros vem da América Central e só está acostumada à cozinha mexicana.
"Existe uma diferença cultural de produtos, eles precisam passar por uma adaptação e isso custa dinheiro. São tipos de temperos, misturas, maneiras de cozimento. Tudo muda", afirma Freire.
Segundo diz, o feijão-preto com arroz é o prato mais pedido, com peixe, frango ou carne vermelha.
Em Madri, a gastronomia brasileira também não se livrou do ar exótico, embora haja restaurantes típicos há mais de 30 anos.
"Poucos restaurantes brasileiros conseguem se manter bem aqui porque vendem como exótica uma comida que nem é tão diferente assim para o espanhol. Acho que tinha que ser difundida a cultura da mandioca", diz a chef carioca Juliana Aguiar, que acaba de abrir restaurante em Madri, o Santo, com pratos como moqueca.


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