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Com paralisação, SP ameaça não ampliar Defensoria
Secretário de Justiça disse que ato reforça a necessidade de manter convênio com a OAB
Defensores públicos querem a contratação
de mais servidores e
equiparação salarial com promotores e magistrados
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário de Justiça do Estado de São Paulo, Luiz Antonio Marrey, disse que a greve
deflagrada ontem pelos defensores públicos só reforça a necessidade de o Estado manter o
convênio com a OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil) para
atendimento da população carente e tirar da pauta do governo a ampliação da Defensoria.
O convênio com os advogados é a principal queixa da categoria, que deixou ontem, segundo a Associação Paulista
dos Defensores Públicos, cerca
de 4.700 pessoas sem atendimento em 22 cidades no Estado. Apenas os casos considerados emergenciais estão recebendo atendimento.
"Se eles conseguirem seu intento, que é destruir o sistema
de atendimento pelo convênio,
a população pobre ficará refém
dos seus humores político-ideológicos", disse o secretário.
"Então, se estávamos discutindo os projetos deles, é lícito
agora que recuemos."
Para Marrey, o momento da
greve "dá aparência de ter também uma participação de natureza eleitoral".
Em represália à manifestação, o governo suspendeu uma
rodada de negociação marcada
para hoje entre a associação
dos defensores e a Secretaria de
Gestão. "O que eles vão conseguir é o fechamento do diálogo.
Porque esse é o efeito dessa
aventura. Ninguém vai negociar com faca no pescoço. Aqui
tem uma administração séria,
que nunca deixou de dialogar
com nenhum setor", disse ele.
Os grevistas exigem o aumento do número de defensores -o que reduziria a necessidade de manter o convênio- e
a equiparação salarial com promotores e juízes -salário inicial de cerca de R$ 18 mil.
Hoje, no Estado são apenas
400 defensores que atendem a
7% dos municípios paulistas. A
categoria quer pelo menos mais
400 funcionários, contratados
em quatro lotes anuais. O salário inicial do defensor é de cerca de R$ 5.000.
Segundo Marrey, os defensores ganham, em sua maioria,
entre R$ 7.350 e R$ 13.928, e
"pode soar como um deboche"
a categoria dizer que recebe um
salário "aviltante", principalmente diante do perfil da população a que atende.
Para a presidente da associação dos defensores, Juliana
Garcia Belloque, 31, todas as
reivindicações de servidores
estaduais são tratadas pelo governo como movimento político e isso é uma estratégia para
fugir do debate e desqualificar
os movimentos grevistas.
"A maioria das cidades de São
Paulo não tem segundo turno.
Nenhum dos candidatos de São
Paulo é do partido do governador [PSDB] e, além disso, os
candidatos da capital não têm
participação nenhuma nessa
situação da Defensoria Pública", afirmou ela.
Juliana disse ainda que a greve só acontece agora porque o
Estado foi omisso quando a
OAB suspendeu o atendimento
da população pelo convênio,
em julho deste ano, e que hoje a
população e o próprio governo
já são reféns da Ordem. "Toda a
população ficou sem atendimento por um mês porque a
OAB se recusou a renovar o
convênio [sem reajuste]."
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