|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Obra preocupa vizinhos da futura linha 4
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O produtor de moda e síndico de edifício Franz Ambrósio, 50, que de sua cobertura em Higienópolis tem a
incrível vista do poço do metrô cavado na rua Maceió
com a Consolação, expediu
na quinta-feira uma circular
para acalmar os moradores
preocupados com um eventual desabamento do prédio:
"Vimos por meio desta
tranquilizá-los. Pelas informações do Consórcio Via
Amarela, não há risco em relação a esse condomínio."
A Folha percorreu as estações da linha 4-amarela para
saber como os moradores da
vizinhança têm reagido ao
desastre recente.
Ambrósio conta que é cardiopata e passou a tomar antidepressivo e indutor de sono muito antes de os vizinhos começarem a interfonar com medo de desmoronamentos de terra. "Acordo
assustado desde o início das
obras. Ninguém consegue
dormir bem com tremores
de terra, o barulho de caminhões manobrando e toneladas de brita caindo em um
poço com a profundidade de
um prédio de dez andares."
Na estação Morumbi, a
dona-de-casa Silma di Bartolo, 54, explica que um dos
três túneis oriundos da fatídica estação Pinheiros segue,
por baixo da terra, exatamente o caminho que ela faz
diariamente por sobre o solo. "De repente eu tô passando de carro, a rua pode me
engolir", afirma.
Do outro lado do rio, na estação Butantã, a babá Marlete Almeida, 21, que mora em
uma edícula, sofre de uma
espécie de "medo incondicional". "Estou apenas mais
apavorada do que antes.
Uma vez estourou um tanque de concreto, voou pedra
pra tudo que foi lado."
Texto Anterior: Bombeiros retomam busca em cratera Próximo Texto: Depoimento: "Disseram que a casa está escorregando" Índice
|