São Paulo, domingo, 21 de janeiro de 2007

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Obra preocupa vizinhos da futura linha 4

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O produtor de moda e síndico de edifício Franz Ambrósio, 50, que de sua cobertura em Higienópolis tem a incrível vista do poço do metrô cavado na rua Maceió com a Consolação, expediu na quinta-feira uma circular para acalmar os moradores preocupados com um eventual desabamento do prédio:
"Vimos por meio desta tranquilizá-los. Pelas informações do Consórcio Via Amarela, não há risco em relação a esse condomínio."
A Folha percorreu as estações da linha 4-amarela para saber como os moradores da vizinhança têm reagido ao desastre recente.
Ambrósio conta que é cardiopata e passou a tomar antidepressivo e indutor de sono muito antes de os vizinhos começarem a interfonar com medo de desmoronamentos de terra. "Acordo assustado desde o início das obras. Ninguém consegue dormir bem com tremores de terra, o barulho de caminhões manobrando e toneladas de brita caindo em um poço com a profundidade de um prédio de dez andares."
Na estação Morumbi, a dona-de-casa Silma di Bartolo, 54, explica que um dos três túneis oriundos da fatídica estação Pinheiros segue, por baixo da terra, exatamente o caminho que ela faz diariamente por sobre o solo. "De repente eu tô passando de carro, a rua pode me engolir", afirma.
Do outro lado do rio, na estação Butantã, a babá Marlete Almeida, 21, que mora em uma edícula, sofre de uma espécie de "medo incondicional". "Estou apenas mais apavorada do que antes. Uma vez estourou um tanque de concreto, voou pedra pra tudo que foi lado."


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