DA REPORTAGEM LOCAL

"Eles vieram e disseram que eu não poderia mais dormir aqui porque a casa está escorregando para cá [os braços apontam para a direita]. Fui para um apart-hotel e eles mandaram pessoas para embalar minhas coisas, imagina.
Eu tenho idade mas estou lúcida, cuido dos negócios, pago contas, dirijo. Não vou ficar abrindo caixa para adivinhar onde estão meus documentos. Perdi até meus remédios. Continuo a vir de dia, para tirar o que mais gosto, como esse lustre de cristal, antes que os monstrinhos o façam. Olha as rachaduras [no salão], minhas madonas [quadros] daqui a pouco caem... Olha [aponta para um buraco entre a cozinha e o banheiro]. Moro aqui há 40 anos; aqui eu fiquei viúva e perdi meu rottweiler. Eles querem que eu vá para um apartamento. Eu não vou."