São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 2011

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Adiar prisão foi erro, diz jornalista à polícia

Para policiais, Pimenta Neves disse que preferia ter começado a cumprir pena em 2006, quando foi condenado

Ele dividirá cela com outros quatro detentos na penitenciária de Tremembé; cabelo e barba já foram cortados


ANDRÉ CARAMANTE
AFONSO BENITES

DE SÃO PAULO

Ao permitir a entrada da polícia na sua casa no Brooklin, zona sul de São Paulo, na noite de anteontem, o jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves, 74, fez um desabafo para um delegado: "eu preferia ter começado a cumprir minha pena logo após o julgamento. Só assim teria voltado a ser um homem normal, que vai ao restaurante ou à padaria".
Pimenta Neves é advogado. Se formou em 1973. Em 2008, ele teve seu pedido de registro na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) rejeitado pela entidade.
"Me divido entre o trabalho, uma assessoria para um escritório de advocacia, e a arrumação da casa", falou o jornalista a policiais.
Também disse que passou os últimos anos como um homem solitário, que dividia o tempo livre entre a leitura e a assistir filmes em DVD.
Levou livros para o presídio. Escolheu "Vigiar e Punir", de Michel Foucault (que fala sobre punição e legislação penal), "O Deus Selvagem", de A. Alvarez (que fala sobre suicídio), "Sermões", de padre Antônio Vieira e um livro de Shakspeare, que os policiais não identificaram.
A primeira noite de Pimenta Neves preso após a condenação [ocorrida em maio de 2006] foi numa cela do 2º Distrito Policial, no Bom Retiro.
A cela suja da qual reclamou -além do banheiro- se deve ao fato de o lugar ser de alta rotatividade. Presos de várias partes pernoitam ali até serem levados ao fórum.
Pela manhã, Pimenta Neves recusou o pão com manteiga e o café com leite da delegacia. Ficou com o pão, o queijo, a água e o suco levados por sua advogada.

TRANSFERÊNCIA
Ontem, o jornalista foi transferido de camburão para a penitenciária de Tremembé (147 km de SP), chamada de "Presídio de Caras".
A penitenciária tem 239 vagas, mas abriga cerca de 320 detentos, a maior parte deles considerados "rejeitados" pela massa carcerária.
Estão lá Alexandre Nardoni, condenado pela morte da filha, Isabella, e os irmãos Cristian e Daniel Cravinhos, condenados com a estudante de direito Suzane von Richthofen pela morte dos pais dela. Ex-policiais também ficam naquele presídio.
Na visão de policiais, presos deste tipo, caso colocados em outras penitenciárias, facilmente seriam feitos reféns em caso de rebelião.
Nos primeiros dez dias, assim como ocorre com todos os presos, Pimenta Neves ficará isolado. Só poderá ter contato com advogados. Ele teve a barba e o cabelo cortados e é obrigado a usar o uniforme padrão da cadeia: calça cáqui e camiseta branca.
Em Tremembé, Pimenta Neves ficará numa cela com outros quatro detentos. O espaço tem 16 metros quadrados. Há três beliches. TV e rádio são permitidos, mas após as 22h o volume tem de ser baixo. Livros podem entrar. Revistas pornográficas, não.
O banho na cadeia é frio. O quente só é permitido num banheiro coletivo e sob prescrição médica.


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