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no grito
Corinthians troca "por favor" por bronca
Diretoria, técnico e atletas do ameaçado time, que hoje pega o Atlético-PR no Pacaembu, defendem discussão em campo
"Se o seu companheiro faz uma cobrança, é para o bem. Não vejo aqui ninguém passando por cima de ninguém", afirma Nelsinho
EDUARDO ARRUDA
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
As discussões entre jogadores do Corinthians, que em alguns momentos beiraram a
agressão física, têm o aval do
técnico Nelsinho Baptista e da
diretoria do clube.
À beira da degola, os entreveros entre atletas intensificam a
agonia do clube, que tem nova
chance, contra o Atlético-PR,
no Pacaembu, de deixar a zona
do rebaixamento do Brasileiro.
"No futebol, não dá para pedir por favor, passe a bola, marque direito, não erre. Os jogadores estão com a adrenalina a
mil. A cobrança tem que existir", disse o treinador, enfatizando que a situação do time na
tabela precipita cobranças
mais rudes, pela pressão.
A última desavença ocorreu
no gramado do Maracanã, na
última quarta-feira. Após perder a bola que originou o segundo gol do Flamengo, o ala Iran
foi repreendido, aos berros, pelo goleiro Felipe, que também
se desentendeu com o zagueiro
Fábio Ferreira.
Na derrota para o Náutico,
por 1 a 0, nos Aflitos, o goleiro e
os zagueiros Zelão e Betão por
pouco não agrediram o meia
Ailton, autor do pênalti que decretou o revés da equipe.
"Tem vários tipos de cobrança. Se o seu companheiro faz
uma cobrança, é para o bem.
Não vejo aqui ninguém passando por cima de ninguém. Todos
estão no mesmo barco", afirmou Nelsinho, dando aval aos
atritos entre seus comandados.
"[A discussão] é coisa normal
de jogo. Eles estão sofrendo
muita pressão e estão muito determinados a sair dessa situação", disse o vice de futebol do
clube, Antoine Gebran.
Mais jovem do elenco, Lulinha, 17, que costuma ouvir conselhos e broncas, principalmente de Vampeta, defende as
discussões. "Cobrança sempre
teve na base, mas não igual ao
profissional, e ainda mais nessa
fase em que estamos", afirmou.
"Felipe cobrou o Iran, e isso é
normal. Eu prefiro não cobrar
ninguém em campo, ficar mais
na minha. Quando sou cobrado
e sei que estou errado, procuro
sempre ouvir, para corrigir."
Anteontem, Nelsinho disse
ter conversado, separadamente, com Felipe e Iran. O goleiro
tem afirmado que as discussões
em campo não refletem no relacionamento do grupo.
"Em campo, é normal ter pequenas discussões, mas o objetivo de todos é vencer. Se for
para a gente discutir para conseguir o resultado, tudo bem. A
gente precisa de tranqüilidade", comentou o atacante Finazzi, 34, um dos mais experientes do grupo corintiano.
Em 18º lugar, com 41 pontos,
o Corinthians está há oito rodadas na zona de descenso do Nacional. Ontem, o time caiu uma
posição graças à vitória do Paraná sobre o Goiás, por 1 a 0.
Para Nelsinho, o jogo contra
os paranaenses será o mais favorável para o time conseguir
sair dela. "Esta é a rodada em
que temos mais oportunidade
para deixar a zona do rebaixamento. Jogamos em casa, e
nossos adversários diretos jogam fora", analisou o treinador.
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