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Fifa aprova até pontos fracos do Brasil
Relatório de inspetores diz que país pode promover Copa excepcional e ignora problemas crônicos de infra-estrutura
Exigências no sistema aéreo e no de transportes, vistos como vitais, e em segurança, hotelaria e serviços médicos são atendidos, diz entidade
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
"Na conclusão, na opinião
desta equipe de inspeção, o
Brasil está bem estabelecido
para sediar uma excepcional
Copa do Mundo." É a frase que
encerra o resumo do relatório
de inspetores da Fifa sobre a
candidatura brasileira ao Mundial-2014, divulgado ontem.
O documento aponta que o
país tem condições de atender
às exigências da entidade máxima do futebol em todos os
itens: segurança, transporte,
hotelaria, hospitais etc.
Também mostra que a CBF
já abriu mão, por exemplo, de
lutar pelas receitas de ingressos
-a Fifa e o comitê organizador
as dividiram na Alemanha. E
que o governo brasileiro, excluído do comitê da Copa, assinou todas as garantias de alterações de lei pedidas pela Fifa.
Nesse cenário, o resultado do
relatório praticamente sela o
Brasil como sede da Copa -o
anúncio será na próxima terça-feira. Como candidato único, o
país só precisava atender aos
requisitos da Fifa, como disse o
presidente Joseph Blatter.
Os inspetores da entidade
enxergaram de forma positiva
até itens em que o país tem
apresentado grandes falhas.
Um exemplo é o setor aéreo
brasileiro. Na opinião da Fifa, o
Brasil tem 18 "bons aeroportos" nas cidades-sedes. Assim,
os inspetores acrescentam que
"a infra-estrutura do sistema
de transporte aéreo é um elemento-chave da candidatura".
Tanto que a Fifa prevê deslocamentos em massa de torcedores em um mesmo dia. Mas
admite não ter obtido informações sobre essa possibilidade.
Os inspetores não estiveram
nos aeroportos brasileiros: obtiveram informações por meio
das cidades candidatas e outros
canais. Sua visita ocorreu cerca
de um mês e meio após o acidente do avião da TAM no aeroporto de Congonhas, quando o
país já enfrentava um caos no
sistema aéreo de quase um ano.
Baseadas em ônibus, em sua
maioria, as redes de transporte
de 12 das 18 cidades candidatas
atendem aos requisitos da Fifa,
segundo os inspetores. A entidade deixa claro que, por falta
de rede, o transporte ferroviário não deve desempenhar papel decisivo no Mundial.
O sistema de hotelaria é considerado suficiente, na maioria
das cidades, com exceção de
quatro. São Paulo e Rio contam
com as melhores estruturas.
Apenas uma página é dedicada ao capítulo segurança. Nela,
os inspetores admitem que é
uma preocupação em certas cidades-sedes. "Mas a equipe de
inspetores acredita que a percepção geral do público é, talvez, pior do que a realidade."
Sobre os serviços médicos, o
relatório da Fifa aponta que as
18 cidades têm "uma grande rede de hospitais". E cita o Albert
Einstein, referência em São
Paulo, um dos únicos visitados
por inspetores no Brasil.
O problema, apontado pela
Fifa, é como serão bancados os
gastos para melhorar toda a infra-estrutura. "Apenas umas
poucas cidades sedes deram informação no total de verbas públicas alocados para investimentos em infra-estrutura",
conta o relatório.
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