São Paulo, sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

carimbado

Fifa aprova até pontos fracos do Brasil

Relatório de inspetores diz que país pode promover Copa excepcional e ignora problemas crônicos de infra-estrutura

Exigências no sistema aéreo e no de transportes, vistos como vitais, e em segurança, hotelaria e serviços médicos são atendidos, diz entidade

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

"Na conclusão, na opinião desta equipe de inspeção, o Brasil está bem estabelecido para sediar uma excepcional Copa do Mundo." É a frase que encerra o resumo do relatório de inspetores da Fifa sobre a candidatura brasileira ao Mundial-2014, divulgado ontem.
O documento aponta que o país tem condições de atender às exigências da entidade máxima do futebol em todos os itens: segurança, transporte, hotelaria, hospitais etc.
Também mostra que a CBF já abriu mão, por exemplo, de lutar pelas receitas de ingressos -a Fifa e o comitê organizador as dividiram na Alemanha. E que o governo brasileiro, excluído do comitê da Copa, assinou todas as garantias de alterações de lei pedidas pela Fifa.
Nesse cenário, o resultado do relatório praticamente sela o Brasil como sede da Copa -o anúncio será na próxima terça-feira. Como candidato único, o país só precisava atender aos requisitos da Fifa, como disse o presidente Joseph Blatter.
Os inspetores da entidade enxergaram de forma positiva até itens em que o país tem apresentado grandes falhas.
Um exemplo é o setor aéreo brasileiro. Na opinião da Fifa, o Brasil tem 18 "bons aeroportos" nas cidades-sedes. Assim, os inspetores acrescentam que "a infra-estrutura do sistema de transporte aéreo é um elemento-chave da candidatura".
Tanto que a Fifa prevê deslocamentos em massa de torcedores em um mesmo dia. Mas admite não ter obtido informações sobre essa possibilidade.
Os inspetores não estiveram nos aeroportos brasileiros: obtiveram informações por meio das cidades candidatas e outros canais. Sua visita ocorreu cerca de um mês e meio após o acidente do avião da TAM no aeroporto de Congonhas, quando o país já enfrentava um caos no sistema aéreo de quase um ano.
Baseadas em ônibus, em sua maioria, as redes de transporte de 12 das 18 cidades candidatas atendem aos requisitos da Fifa, segundo os inspetores. A entidade deixa claro que, por falta de rede, o transporte ferroviário não deve desempenhar papel decisivo no Mundial.
O sistema de hotelaria é considerado suficiente, na maioria das cidades, com exceção de quatro. São Paulo e Rio contam com as melhores estruturas.
Apenas uma página é dedicada ao capítulo segurança. Nela, os inspetores admitem que é uma preocupação em certas cidades-sedes. "Mas a equipe de inspetores acredita que a percepção geral do público é, talvez, pior do que a realidade."
Sobre os serviços médicos, o relatório da Fifa aponta que as 18 cidades têm "uma grande rede de hospitais". E cita o Albert Einstein, referência em São Paulo, um dos únicos visitados por inspetores no Brasil.
O problema, apontado pela Fifa, é como serão bancados os gastos para melhorar toda a infra-estrutura. "Apenas umas poucas cidades sedes deram informação no total de verbas públicas alocados para investimentos em infra-estrutura", conta o relatório.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Indicação de eliminadas gera reação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.