Autor conta história de monstros pavorosos em nova enciclopédia

LUANA VILLAC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando gritos desesperados foram ouvidos perto dali, seu avô pegou uma arma e saiu correndo. O restante da família seguiu atrás. O som horripilante fazia-os pensar em uma mulher sendo torturada. Mas, ao chegarem, a casa estava vazia e os gritos tinham cessado. Quem conta essa história é o jornalista Gonçalo Junior, que tinha oito anos quando ela aconteceu. "Ouvimos a gritaria muito claramente", recorda. "Acho que desde então sou fascinado por histórias de terror."
O fascínio de criança virou um hobby para o adulto. Gonçalo passou a colecionar histórias e imagens horripilantes. A sinistra coleção deu origem à "Enciclopédia dos Monstros", que está sendo lançada pela Ediouro. "Pesquisei muito pouco fora do meu acervo", conta. "Afinal, eu já tinha cerca de 2.800 imagens. Tive que deixar muita coisa de fora".
Para o autor, a atração por seres temerosos é universal. "Acho que se trata de um desafio que as pessoas se impõem para testar o próprio medo", acredita.
O livro traça o perfil das criaturas mais assustadoras de todos os tempos -desde as clássicas, como o conde Drácula e o Lobisomen, às mais bizarras, como os homens com a cara inteira coberta de pêlos ou com outras deformidades, que se apresentavam em circos entre o final do século 19 e o início do século 20. Além do cinema e dos circos de horrores, a pintura, a escultura, a literatura, o desenho animado, as histórias em quadrinhos e os RPGs serviram de fontes de pesquisa ao jornalista.
O principal critério de seleção para a inserção na enciclopédia foi a aparência grotesca dos seres. "Aquele visual que causa algum tipo de reação de medo ou temor no primeiro momento", explica Gonçalo. "Mesmo que, às vezes, venham disfarçados de elegantes e sedutores vampiros ou vampiras que, como se sabe, são belos à primeira vista, mas ganham aspecto assombroso no momento de atacar suas vítimas."