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Crítica/Hiroshi
Toda Japonês cria obra delicada, unindo Ozu e Wenders
COLUNISTA DA FOLHA
Um discreto deleite para
o cinéfilo, no mar de
filmes da 31ª Mostra
Internacional de Cinema de
São Paulo, é a descoberta tardia
do cinema de Hiroshi Toda, 56,
diretor japonês que, salvo engano, nunca tinha sido exibido
por aqui. Estão na programação os dois longas mais recentes do diretor, "Memória de Setembro" (2006) e "Céu de Dezembro" (2007).
No primeiro deles, uma jovem urbana, interpretada por
Yukako Meguro, busca refúgio
espiritual num templo na montanha e no ateliê de um artesão
que faz máscaras. Nessa busca
de um Japão profundo, pré-ocidentalização, ela acaba mergulhando numa aventura que se
revela macabra. A passagem sutil do cotidiano ao fantástico e
ao escabroso é uma das marcas,
ao que parece, do delicado cinema de Hiroshi Toda.
Longos planos fixos
Em "Céu de Dezembro", várias histórias, de início desencontradas, se desenrolam em
torno da banca de rua de um velho vidente. Esses destinos díspares acabarão por se entrelaçar de modos inesperados no
filme.
Aqui, a fotografia em preto-e-branco, a câmera ligeiramente baixa, os longos planos fixos,
o uso do céu nublado como elemento de pontuação narrativa,
tudo remete ao cinema de Yasujiro Ozu.
Mas um Ozu modernizado e
filtrado pela influência de um
Wim Wenders e um Jim Jarmusch: há uma certa pose
"cool" que ironiza e esvazia o
peso do drama.
Esses dois filmes alimentam
a vontade de conhecer melhor a
obra de Hiroshi Toda, estranho
cineasta que filma desde os 15
anos e desde os 24 trabalha como enfermeiro num hospital
psiquiátrico. Quem sabe uma
próxima mostra lhe dedica
uma retrospectiva?
(JGC)
MEMÓRIA DE SETEMBRO
Direção: Hiroshi Toda
Produção: Japão, 2006
Com: Yukako Meguro, Shoji Yamada
Quando: hoje, às 17h50, no Unibanco Arteplex
Avaliação: bom
CÉU DE DEZEMBRO
Direção: Hiroshi Toda
Produção: Japão, 2007
Com: Shinichi Okayama, Syoji Yamada
Quando: hoje, às 12h30, no Unibanco Arteplex; amanhã, às 13h30, no Espaço
Unibanco
Avaliação: bom
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