São Paulo, domingo, 04 de novembro de 2007

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Capital, Luanda está entre as cidades mais caras do mundo

DO ENVIADO ESPECIAL A LUANDA

Ídolo do Flamengo e da seleção brasileira nos anos 80, o jogador Mozer, 47, já morou em alguns dos lugares mais caros do mundo, na Europa e no Japão. Nada, segundo ele, se compara a Angola, onde chegou em 2006 para treinar o Interclube, um dos principais do país.
"Os costumes, a comida, o tempo -aqui é tudo muito parecido com o Brasil. A dificuldade é que a vida é caríssima. Deve ser o lugar mais caro do mundo", disse à Folha um dia após levar sua equipe, no último dia 21 de outubro, ao título inédito de campeão do Girabola, o torneio de futebol local.
Desde o início do boom do petróleo, a capital angolana começou a aparecer nas listas dos lugares mais caros do mundo. Num ranking publicado em 2006 pela consultoria de multinacionais ECA International, Luanda ficou com a medalha de prata, atrás apenas de Harare, capital do Zimbábue, que vive uma hiperinflação.
Em Luanda, uma refeição num restaurante simples sai pelo equivalente a R$ 40; um hotel de uma estrela custa quase R$ 200 a diária, uma corrida de 15 minutos de táxi sai por R$ 60 e o DVD pirata de "Tropa de Elite" custa R$ 25 nos camelôs.
Moradia é o principal problema. Mozer tem a sorte de ter a casa paga pelo seu clube. Mas a chinesa Li Lin Zhi, por exemplo, paga US$ 10 mil (R$ 17,5 mil) de aluguel mensal por um apartamento de 80 m2, com dois quartos, que divide com duas amigas. "Não há como pagar se não dividir", diz.
É um custo de vida que cristaliza a divisão social entre os angolanos. A grande maioria, que não pode pagar, fica relegada à vida em cortiços e musseques (favelas), ao comércio de camelôs e ao transporte nos candongueiros (lotações).
A explicação está na elementar lei da oferta e da procura. O dinheiro do petróleo trouxe uma explosão de demanda, enquanto a oferta é microscópica em um país recém-saído da guerra. "Estamos numa fase de reconstruir o que foi perdido no conflito. Vai levar muito tempo", diz Custódio Armando, da Agência Nacional para o Investimento Privado. (FZ)


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