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Capital, Luanda está entre as cidades mais caras do mundo
DO ENVIADO ESPECIAL A LUANDA
Ídolo do Flamengo e da seleção brasileira nos anos 80, o jogador Mozer, 47, já morou em
alguns dos lugares mais caros
do mundo, na Europa e no Japão. Nada, segundo ele, se compara a Angola, onde chegou em
2006 para treinar o Interclube,
um dos principais do país.
"Os costumes, a comida, o
tempo -aqui é tudo muito parecido com o Brasil. A dificuldade é que a vida é caríssima.
Deve ser o lugar mais caro do
mundo", disse à Folha um dia
após levar sua equipe, no último dia 21 de outubro, ao título
inédito de campeão do Girabola, o torneio de futebol local.
Desde o início do boom do
petróleo, a capital angolana começou a aparecer nas listas dos
lugares mais caros do mundo.
Num ranking publicado em
2006 pela consultoria de multinacionais ECA International,
Luanda ficou com a medalha
de prata, atrás apenas de Harare, capital do Zimbábue, que vive uma hiperinflação.
Em Luanda, uma refeição
num restaurante simples sai
pelo equivalente a R$ 40; um
hotel de uma estrela custa quase R$ 200 a diária, uma corrida
de 15 minutos de táxi sai por R$
60 e o DVD pirata de "Tropa de
Elite" custa R$ 25 nos camelôs.
Moradia é o principal problema. Mozer tem a sorte de ter a
casa paga pelo seu clube. Mas a
chinesa Li Lin Zhi, por exemplo, paga US$ 10 mil (R$ 17,5
mil) de aluguel mensal por um
apartamento de 80 m2, com
dois quartos, que divide com
duas amigas. "Não há como pagar se não dividir", diz.
É um custo de vida que cristaliza a divisão social entre os
angolanos. A grande maioria,
que não pode pagar, fica relegada à vida em cortiços e musseques (favelas), ao comércio de
camelôs e ao transporte nos
candongueiros (lotações).
A explicação está na elementar lei da oferta e da procura. O
dinheiro do petróleo trouxe
uma explosão de demanda, enquanto a oferta é microscópica
em um país recém-saído da
guerra. "Estamos numa fase de
reconstruir o que foi perdido
no conflito. Vai levar muito
tempo", diz Custódio Armando, da Agência Nacional para o
Investimento Privado.
(FZ)
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