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São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2003

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ATAQUE DO IMPÉRIO

Bombardeio a Bagdá é intensificado

Goran Tomasevic/Reuters
Míssil atinge um palácio do ditador iraquiano, Saddam Hussein, durante ataque americano a Bagdá



MORTOS Ministro da Saúde diz que ataques já mataram 350 civis e feriram outros 4.000

BATALHA Governo afirma que verdadeira batalha da guerra será nas ruas de Bagdá



SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A BAGDÁ

Após a redução das tempestades de areia, Bagdá voltou a ser fortemente bombardeada no final da noite de ontem. Não chegou a ser um ataque tão forte quanto o da última sexta-feira, mas deixou uma grande nuvem de poeira sobre a região central da capital.
Explosões podiam ser ouvidas também no sul da cidade, onde estaria concentrada a Guarda Republicana, força de elite de Saddam Hussein, e onde se concentraram os ataques dessa última semana. Um centro de comunicações público também teria sido atingido na área, de acordo com moradores.
Aparentemente os ataques do centro bagdali ocorreram em torno do complexo de construções conhecido como Palácio Antigo, no lado oeste do rio Tigre, a área urbana mais rica, que concentra o maior número de prédios governamentais e a mais atingida desde o início do conflito.
A nova série de bombardeios começou às 22h55 (16h55 de Brasília) e durou pelo menos 15 minutos, de maneira intermitente. Até a conclusão desta edição, os ataques noturnos continuavam, de maneira esparsa.

Hotel Al Rasheed
Nas últimas 24 horas, pelo menos outros dois alvos importantes foram atacados por mísseis e bombas da coalizão anglo-americana. Um deles foi as dependências de empregados do Hotel Al Rasheed, que ficou famoso em 1991 por abrigar a equipe de TV da CNN que transmitiu a Guerra do Golfo, foi atingido supostamente por engano por um míssil Tomahawk nos ataques dos EUA batizados de Operação Raposa do Deserto (1993) e traz um retrato do ex-presidente George Bush, pai do atual, pintado no chão de sua entrada para que seja pisado pelos transeuntes.
Os EUA suspeitariam que o hotel, abandonado pelos ocidentais desde o começo desta guerra, teria sido forçado a dar abrigo a soldados da Guarda Republicana. O governo iraquiano nega.
Outro lugar atingido foi a imponente sede do Departamento de Telecomunicações iraquianas, no centro de Bagdá. O edifício de sete andares teve seu interior completamente destruído. No impacto, a torre de transmissão, sua vizinha, perdeu os vidros.
Em entrevista coletiva encerrada uma hora antes dos ataques de ontem à noite, o ministro da Defesa iraquiano havia dito que a verdadeira batalha por Bagdá aconteceria nas ruas.
"O inimigo deve entrar em Bagdá, e ela vai ser sua tumba", disse Sultan Hashim Ahmed. Para o general, Saddam Hussein vai prolongar a guerra "o máximo que for possível". "Achamos que a guerra deve ser longa para que o inimigo pague um preço alto por ela", afirmou ele. Morreram 36 vítimas nas últimas 24 horas em Bagdá, incluindo as 15 do massacre numa rua comercial do bairro Al Shaab, que causou comoção na população local e repercussão no mundo inteiro, informou o governo iraquiano.
Com isso, o número de civis iraquianos mortos pela coalizão anglo-americana desde o início da guerra subiu para 350, segundo o ministro da Saúde, Omeed Medhat Mubarak. O número de feridos chegaria a 4.000, um quarto deles na capital.
"Os americanos e britânicos estão usando seres humanos como alvos no Iraque como parte de uma tática de terror e guerra psicológica", disse Mubarak. "Eles não estão diferenciando entre civis e militares, o que é um crime de guerra."
De acordo com o ministro, oito pessoas teriam sido mortas e 44 feridas num outro ataque ontem a complexos residenciais a 20 quilômetros de Bagdá, de funcionários da Autoridade de Industrialização Militar, responsável pela produção de armas.

Crianças e mulheres
"A maioria dos mártires e das vítimas é de crianças, mulheres e idosos que não tinham como se proteger", segundo Mubarak.
Ontem ainda o ministro do Comércio iraquiano, Mohammed Mehdi Saleh, disse que o governo continua mandando suprimentos diários de Bagdá para o sul do país, principalmente para Basra, como fazia antes da guerra.
"Mandamos o de sempre, arroz, açúcar, farinha, carne", disse. Segundo ele, o comboio de 20 caminhões vai desacompanhado de escolta militar. "Nunca fomos incomodados, pois os americanos não controlam cidade nenhuma até agora", afirmou.

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