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São Paulo, domingo, 16 de março de 2003


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Para especialistas, crise explica tática

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Se para as redes de alimentação a abordagem evidencia o diferencial de cada empresa, para especialistas ouvidos pela Folha, ela é justamente o inverso: uma tentativa de "laçar" o cliente primeiro, já que as redes são semelhantes.
Para o professor de marketing da FGV-Eaesp (Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas) André Torres Urdan, a dificuldade de se diferenciarem leva as redes a "apelar para uma técnica que lembra o comércio de rua".
Segundo ele, a situação econômica atual é a responsável pela "agressividade" nas abordagens. "A tentação de correr atrás do cliente é grande. Saber dosar é importante, sobretudo na alimentação, que é considerada sagrada."
Eduardo Terra, professor do curso de gestão em shopping centers do Provar-USP (Programa de Administração de Varejo), diz que, quando todos passarem a abordar, o crescimento das vendas será neutralizado. "A abordagem tira o cliente do concorrente, não convence ninguém a comer."
Pesquisa do Popai Brasil (Point-of-Purchase Advertising Institute), que estuda propaganda em pontos-de-venda, concluiu que 85% das pessoas decidem as marcas no supermercado. Para Elza Tsumori, vice-presidente de estratégia da Ampro (Associação de Marketing Promocional), nos shoppings ocorre algo parecido.
"Os alimentos são todos conhecidos e semelhantes, só muda a marca. Ocupar o estômago do consumidor é um trabalho cada vez mais árduo." O ideal seria tomar cuidado para não passar do encantamento à chateação. "Se [a abordagem" não for bem-feita, pode ser um tiro no pé", afirma.
De acordo com Raul Amaral, professor de marketing do curso de gestão de negócios em alimentação da Faculdade Trevisan, há uma tendência de buscar o prazer, a nutrição e a calma nas refeições -valores sacrificados pelo fast food. Como exemplo ele cita a introdução de salada nas ofertas do McDonald's e da Pizza Hut.
"Há empresas que partem para a agressividade, mas o problema é o cardápio desatualizado. Podem estar cavando a própria cova."


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