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São Paulo, domingo, 16 de março de 2003


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CAPA

Treinamento dos "canários", que deixou de ser dado pelo RH, ensina a abandonar frases feitas

Marketing e estoque ditam discurso

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Direcionar as vendas, tendo em vista o que está sobrando no estoque, e passar uma boa primeira impressão da rede são atribuições que determinaram mudanças no treinamento dos "canários".
Do departamento de RH (recursos humanos) das redes, a preparação desses funcionários migrou para a área de marketing -uma vez que passou a ser considerada estratégia contra a concorrência- e ganhou mais conteúdo.
Com o novo enfoque, o "canário" ganhou mais liberdade para criar e fugir das frases feitas. Mas aumentou o controle sobre as mensagens que ele transmite.
"Ainda estamos adequando o método de treinamento, mas já está funcionando. É uma tendência que todos estão seguindo", diz Breno Bromberg, coordenador de fast food da Bon Grillê, que há cerca de um ano transferiu o treinamento para a "lista de tarefas" de seu departamento comercial.
Bromberg conta que a preparação dos "canários" se tornou uma prioridade, pois o primeiro atendimento e o modo como é feita a abordagem podem ser um diferencial em relação à concorrência.
Para o diretor do grupo All Foods (que inclui a All Parmegiana), Raymond Gericke, os funcionários treinados pelo marketing, que ele chama de "consultores", aprendem como responder ao cliente e se comportar, de acordo com a imagem que a empresa quer transmitir. "Ao contrário do que pode parecer, isso exige muita criatividade do consultor. É um outro estágio de evolução", diz.
A vice-presidente de estratégia da Ampro (Associação de Marketing Promocional), Elza Tsumori, concorda: "O toque a mais está nas mãos do "canário". O canto dele tem de fazer diferença".
Mesmo redes como a Pizza Hut, que diz preferir que os contatos sejam iniciados com a frase "Posso ajudar?", afirmam que é preciso deixar o funcionário livre para adequar o seu discurso aos variados tipos de consumidor.
O conteúdo do discurso, no entanto, é definido pelo setor de marketing e, em um segundo momento, pela gerência de cada loja.
"O que o gerente faz é passar ao "canário" orientações como "hoje você vai sugerir mais tal prato", dependendo de como estiver o estoque", afirma Bromberg.
Os cursos costumam durar de 15 dias a três meses, com aulas teóricas e práticas em sistema intensivo. O salário médio é de R$ 600 e pode ser acrescido de participação nos lucros ou na venda de produtos como sobremesas.


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