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CLÓVIS ROSSI
O mistério Ronaldo
SÃO PAULO - Toda a louvação aos
dois gols de Ronaldo no domingo já
foi feita -e merecida, bem merecida. Falta agora que os jornalistas
expliquemos o que aconteceu com
ele e com os demais "mágicos" do
futebol brasileiro na Copa do Mundo da Alemanha.
Meu ponto é o seguinte: se Ronaldo tivesse feito, na Copa, metade da
magia que demonstrou em dois
lampejos no domingo, o Brasil provavelmente teria sido campeão.
Pior: ele tinha tudo para fazê-lo na
Alemanha, se a comparação for
com o Ronaldo de domingo.
Primeiro, pesava menos. Segundo, tinha uma cirurgia a menos.
Terceiro, tinha três anos a menos (e
os anos pesam, eu sei que pesam,
por experiência própria, ninguém
precisou me contar). Quarto, tinha
ao lado Kaká, Robinho e Ronaldinho, capazes de atrair, por definição, mais atenção do adversário do
que Chicão, que, segundo Ronaldo,
é o melhor jogador do Corinthians.
Logo, deveria ter sobrado mais espaço para mais mágicas.
No entanto, Ronaldo fracassou
miseravelmente. Como fracassaram miseravelmente os outros
"mágicos" acima citados. Pior do
que fracassar: iniciaram um tobogã
para baixo rumo à mediocridade.
Desde a Copa, Ronaldinho, Kaká,
Robinho e Ronaldo encolheram,
por mais que o último ainda exiba
aqui e ali um lampejo do esplendor
antigo.
O que aconteceu com eles todos,
na Alemanha e depois? Ah, ainda há
o caso Adriano, que não era propriamente um "mágico", mas jogava mais do que passou a exibir depois, até a aposentadoria precoce.
Não houve, que eu tenha lido, nenhuma explicação para esse mistério. Tudo bem que resolvê-lo não
vai mudar os destinos da humanidade, mas imagino que histórias da
alma humana valham tanto quanto
as misérias dela, expostas cotidianamente nos escândalos políticos
(assumindo o polêmico pressuposto de que político tem alma).
crossi@uol.com.br
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