São Paulo, domingo, 28 de novembro de 2010

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RECORTE V

Mulher: impossível

por VIVIAN WHITEMAN

Programador nova-iorquino declara guerra aos remetentes de e-mails indesejados e devolve as mensagens na mesma moeda equivocada

O troca-troca de guarda-roupas entre homens e mulheres, ou "cross-dressing", existe há séculos. Atualmente, graças à indústria da moda, a prática vive um novo hype que, é claro, reflete certa inquietação social em relação às identidades dos gêneros.
Nem todo mundo aplaudiu quando Lea T., transexual, se transformou em top internacional e, portanto, em modelo de feminilidade. Mas os fashionistas amaram quando Laerte, um dos cartunistas mais bacanas do mundo, resolveu se vestir como mulher. "Ele parece uma tia minha, que é magrela e fuma horrores, mas as roupas são iguais às da minha mãe", disse uma jovem estilista.
Depois foi a vez de o estilista Marc Jacobs virar Mrs. Jacobs (senhora Jacobs) para a revista "Industrie". O mundo da moda se desparafusou todo. "Ele tá baranga, né?", comentou a modelo. "Ai, acho que ela tá liiiiinda", rebateu o stylist.As mulheres, segundo a filosofia e a psicanálise, passam a vida encarnando diferentes máscaras. Todas as tentativas de definir de vez o que seria "A" mulher falharam e entraram em becos sem saída –seja no discurso por vezes ressentido das feministas, seja no papo furado dos machistas ou na conversa mole dos liberais modernetes.
Para abafar o desconforto gerado pela indefinição de papeis, surgem bordões tragicômicos, como "a mulher é o novo homem" ou "o homem é a nova mulher".
Entre a cruz e a caldeirinha, melhor do que aceitar soluções limitadoras seria ver no impossível a única possibilidade de definição. Se joga, misteriosa.

Decotão Clonado

Pesquisas da Universidade de Illinois, nos EUA, mostraram que implantes mamários feitos com tecido criado a partir de células-tronco apresentam diversas vantagens em relação aos plastificados. Os seios de tecido clonado facilitariam exames médicos e aboliriam os riscos de vazamentos. A pesquisa, inicialmente destinada a mulheres que fizeram operações de retirada das mamas, já está na mira da indústria cosmética. Será a aposentadoria do silicone?

Corpo em pedaços

O fotógrafo Terry Richardson e uma penca de fashionistas lotaram, nesta semana, a abertura da exposição "Shadow Fux", parceria da artista plástica Rita Ackermann e do cineasta underground Harmony Korine. As obras, que estão expostas no Swiss Institute, em Nova York, são pinturas e colagens inspiradas no último filme de Korine, "Trash Humpers". As imagens mostram corpos mutantes, recortados e "remixados" com objetos e membros avulsos. Korine, um dos ícones de revistas cult como a "i-D" e a "Dazed and Confused", assina o novo filme-campanha da grife Proenza Schouler, chamado "Act da Fool".

Trapinho Mágico

Era uma vez uma plebeia que desfilou diante do príncipe com o vestido mais feio do mundo. Graças ao trapo encantado, cujo único encanto era ser transparente, o príncipe se apaixonou pela gata molambenta, que virou princesa. Essa fábula moderna conta o início do romance do príncipe inglês William com sua noiva, Kate Middleton. Ele ficou extasiado ao ver a moça vestindo o tal modelito (foto à esq.) num desfile, quando os dois estavam na universidade. A autora do look, com a graça da rainha, desistiu da vida de estilista, mas, oportunista, já cogita vender o trapinho cata-príncipe. Segundo leiloeiros, a peça deve alcançar o preço de 100 mil libras (quase R$ 300 mil).

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