CINEMA

Crimes de Autor

Claude Lelouch trama suspense com charme

Sérgio Rizzo

A personagem de Fanny Ardant em "Crimes de Autor" pertence à mesma tradição das protagonistas interpretadas por Sharon Stone em "Instinto Selvagem" (92) e por Charlotte Rampling em "Swimming Pool" (03): a das escritoras de romances policiais envolvidas em histórias que parecem saídas das páginas de seus livros, com forte atmosfera de incerteza.

O mais recente longa do diretor e roteirista francês Claude Lelouch, homenageado na 31ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, circula desde o início por um terreno pantanoso que o espectador reconhece com facilidade. Estamos dentro de uma intriga ficcional da bem-sucedida Ju dith Ralitzer (Ardant) ou acompanhamos episódios verídicos que se conectam a tramas de seus livros?

Na principal bifurcação da história, uma jovem (Audrey Dana) deixada pelo noivo em um posto de gasolina, no meio de uma estrada, é alvo de um homem (Dominique Pinon, de "Ladrão de Sonhos") cuja identidade permanece envolta em mistério. Os caminhos desses e de outros personagens se cruzam, com charmosa habilidade, em um suspense que só ameaça se complicar quando, ao final, quer tirar um coelho muito grande da cartola.