CINEMA

Alpha Dog

Ócio e vício estão no novo longa de Nick Cassavetes

Christian Petermann

Filho de peixe às vezes peixinho é: Nick Cassavetes não herdou o estilo seco e investigativo do pai, John Cassavetes (em cartaz com a reexibição de "A Morte de um Bookmaker Chinês"), no entanto, demonstra talento em variadas vertentes narrativas. O drama criminal "Alpha Dog" é um interessante acréscimo a uma filmografia que inclui, entre outros, o belo "Diário de uma Paixão", com a atriz (e mãe) Gena Rowlands, e o ótimo "Loucos de Amor", com roteiro original do pai.

Inspirado em fatos reais, este é um raro filme que foi rodado sem que seu final estivesse definido. Johnny Truelove (Emile Hirsch) faz as vezes de Jesse James Hollywood, um jovem da elite de Los Angeles que traficava drogas, seqüestrou o irmão mais novo de um amigo devedor e levou o crime a um desenlace no Brasil (filmado posteriormente).

Constrói-se um retrato impiedoso, sensual e fetichista de uma juventude hedonista, entregue ao ócio e aos vícios.

A mão firme de Cassavetes orquestra um elenco de jovens talentos, em que se sobressaem Ben Foster, como o viciado em dívida, e o cantor Justin Timberlake, que surpreende como um pseudo-gangsta. De levada quase documental, a tensão da premissa funciona de forma explosiva.