TEATRO

O Baile

Versão brasileira tem momento de epifania

Sérgio Salvia Coelho

"Le Bal", filme de Ettore Scola baseado na peça de Jean-Claude Penchenat, conquistou admiradores fanáticos com seu tema simples: a história da França narrada através de um "dancing" de subúrbio, sem que nenhuma palavra fosse necessária.

Tássia Camargo conseguiu realizar o sonho de todo fã brasileiro de "O Baile": fez a versão brasileira, com meticulosa recriação do roteiro por Valderez Cardoso Gomes e direção de José Possi Neto. Apesar de retomar desnecessariamente algumas referências ao espetáculo original (como a moça míope ou a música-tema "J'Attendrai", que ficam perdidos na trama) esta montagem tem pelo menos um momento de epifania: quando Maria Sal vadora entoa com uma voz imprevisivelmente maravilhosa a canção "Opinião", de Zé Ketti, assumindo outra dignidade em cena. Emblemática também é a cena do velório de um estudante morto, no calabouço do bar estudantil: uma lanterna é apontada para a platéia, como um farol em busca de sua memória afetiva.

Assim, o que pode haver de confuso e longo no espetáculo fica em segundo plano: mesmo para quem não conhece o filme francês, "O Baile" é imperdível.

Cultura Artística - sala Esther Mesquita (r. Nestor Pestana, 196, Consolação, região central, tel. 3258-3616). 1.156 lugares. Sáb.: 21h. Dom.: 18h. Até 28/10. 120 min. 16 anos. Ingr.: R$ 40 a 80. A D T

Avaliação: bom