Descrição de chapéu

Eu amo fake news

Em ano de eleição, o Brasil está apaixonado pela mentira

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O país do samba, do futebol e da caipirinha já era. Atualmente os brasileiros gostam mesmo é de fake news.

A paixão explodiu no caso Marielle. Segundo levantamento da Fundação Getulio Vargas, entre 14 (dia em que ela e o motorista Anderson Gomes foram executados) e 18 de março, Marielle foi tema de 2,14 milhões de menções no Twitter. Parte esmagadora delas com notícias falsas: a vereadora teria sido namorada do traficante Marcinho VP e eleita com votos do Comando Vermelho.

No Facebook, de cada dez notícias compartilhadas sobre o atentado a tiros contra a caravana do ex-presidente Lula, seis são boatos segundo os quais a militância petista teria armado o ataque. Em ano eleitoral, a farsa nas redes deverá fazer ainda mais estragos: venda de perfis, conteúdo distribuído por robôs, compra de bancos de dados. A trapaça virtual é bancada por grupos políticos e candidatos em campanha, com a finalidade de melhorar a própria imagem e difamar adversários.

O que espanta é como tanta gente se deixa seduzir pelo oportunismo rasteiro. Qual o alimento da indústria da mentira? Ignorância, ódio, ideologia, falta de caráter? Prefiro acreditar que as pessoas curtem uma boa história de ficção. Se for o caso, recomendo que elas se afastem do WhatsApp, ao menos por algumas horas, e peguem um velho livro de papel.

Em 1962 Philip K. Dick publicou “O Homem do Castelo Alto”. A tradução por Fábio Fernandes saiu pela editora Aleph. O romance é uma antecipação ou especulação histórica. Nele, a Segunda Guerra Mundial foi vencida pelo Eixo. O mundo vive sob o domínio da Alemanha e do Japão, não existem os Estados Unidos, florestas do Brasil foram queimadas e, no lugar delas, erguidos espigões de concreto, a África um continente morto, os negros voltaram a ser escravizados. Livraço. Mas vá com calma: é uma ficção, viu?

 

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