Eu 2018

Adianto propostas do meu plano de governo: taxar selfies e usar esse dinheiro na Previdência

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São Paulo

Ontem à noite, impelido pela desolação, me pus a refletir sobre os rumos da pátria, tomei umas Heinekens e, deixando-me levar pelas águas cristalinas que brotam do lamaçal da embriaguez, decidi me lançar candidato a presidente. A ideia ainda é nova, falta criar um programa de governo, mas já adianto aqui algumas propostas, nascidas do conluio quase sempre profícuo entre o lúpulo e a divagação.

Reforma tributária. É sabido que nossa engenharia tributária é velha, injusta e ineficiente. Desestimula a economia e encoraja a sonegação. Temos que pensar nos impostos com a cabeça no século 22, não no 19. Por isso minha primeira proposta é uma ideia roubada do brilhante pensador Daniel Bramatti: a taxação de selfies. Digamos, R$ 0,10 por selfie. Se houver pau de selfie envolvido, R$ 1. Foto de comida terá que pagar 5% do valor do prato mais os 10% do serviço (“nudes”, evidentemente, terão não apenas isenção fiscal como apoio da Lei Rouanet).

Reforma política. Os nossos representantes não nos representam. Olhe para Brasília. Um bando de homens brancos de ternos cinza, velhos e conservadores —isto é, lutando para se conservarem no poder. Agora olhe para um bloco de Carnaval. Mulheres, homens, negros, brancos, ricos, pobres, heterossexuais, gays, trans, Chapolins Colorados, King Kongs e Elvises na fase gorda. Isso sim é um retrato da diversidade nacional. Minha proposta é colocar os blocos no Congresso e restringir a atuação dos partidos aos folguedos carnavalescos. Seremos muito mais bem representados por Bola Preta, Boi Tolo, Charanga do França e Vai Quem Quer do que por MDB, DEM, PTB, PT e PSDB (sem mencionar a revolução nas transmissões das TVs Câmara e Senado).

Reforma previdenciária. Só um doido nega o rombo na Previdência. Temos cada vez menos filhos e a medicina nos conserva até o último centavo. Acontece que esse pequeno número de jovens tira muito mais selfie e foto de comida do que os seus avós, de modo que a minha reforma tributária já garante a aposentadoria de todo mundo, sem mexer em direitos (a não ser que você considere selfie um direito. Selfie não é direito. Selfie é errado).

Controle de fronteiras. É muita terra abandonada por onde entram armas e drogas. Minha proposta é cavar um fosso do Oiapoque ao Chuí, encher de água e transformar em pesque e pague. A construção do maior parque pesqueiro do mundo vai reativar as nossas combalidas empreiteiras, vai dificultar a entrada de armas e drogas e alegrar a vida do idoso, não só pelos quilos de lambaris pescados (com o dinheiro das selfies dos netos) como pelo sentimento de utilidade ao ver-se patrulheiro de nossas fronteiras.  

Aborto: permitido só em casos extremos, como na situação de a mulher não querer ter o filho. Maconha: legaliza. Casamento gay: proíbe. Assim como o hétero. É evidente que o casamento não deu certo. Armas: libera tudo. E mete um imposto de 1.000.000% sobre o valor. A capital volta pro Rio. Entrega Brasília pro Mauricio de Sousa fazer um parque da Mônica. Troca o hino nacional por “Aquarela do Brasil” (ideia que meu pai defende há anos. Perdoem o nepotismo). Coloca “Amor” antes de “Ordem e Progresso” na nossa bandeira. Acaba com a CBF. Arena volta a se chamar estádio. Jorge Benjor volta a se chamar Jorge Ben. Lanche volta a se chamar sanduíche. E a tomada volta a ter dois pinos. Chega de mamata! Vote Antonio Prata!

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