Descrição de chapéu Eleições 2018

Bolsonaro lança sua mais ambiciosa iniciativa de política externa

Candidato quer reunir expoentes da direita na Cúpula Conservadora das Américas

O pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) durante sabatina promovida pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

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A campanha de Jair Bolsonaro (PSL) lançará no fim deste mês sua mais ambiciosa iniciativa de política externa. A Cúpula Conservadora das Américas pretende reunir em Foz do Iguaçu expoentes da direita hemisférica em torno do candidato. 

O mote do encontro já foi adiantado em vídeo pelo filho do presidenciável, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL). “Chegou a hora de firmarmos os novos rumos da América Latina, não deixarmos ela cair novamente nas garras de um governo autoritário.” 

A mensagem faz parte da nova estratégia de comunicação da campanha de Bolsonaro, que vem tentando moderar as opiniões dele em temas como gênero, raça e orientação sexual. 

Na nova fase, sua equipe vem rebatendo as críticas à esquerda e à direita sobre seu pendor autoritário por meio da afirmação de que, na realidade, autoritários são os outros.

Segundo essa tese, as esquerdas latino-americanas seriam as verdadeiras responsáveis pela ameaça autoritária no hemisfério. Um eventual governo de Bolsonaro viria para libertar o Brasil desse problema. 

Assim, a “Carta de Foz” tentará apresentar ideias controversas da campanha —Escola Sem Partido, redução da maioridade penal e flexibilização do Estatuto do Desarmamento— como se fossem expressões políticas do exercício da liberdade. A linguagem utilizada no foro buscará dar a essas iniciativas um verniz adicional de legitimidade, com o argumento de que representam um movimento que não se esgota no caso brasileiro. 

Embora seja impossível prever o resultado da cúpula, é possível vislumbrar os obstáculos para que seja instrumentalizada em meio à disputa eleitoral.   

A 94 dias do primeiro turno, Bolsonaro e suas ideias ainda são poucos conhecidos no entorno sul-americano. Há uma chance real de a cúpula ficar esvaziada, sem personagens relevantes que possam jogar seu peso em favor da “Carta de Foz”. 

Além disso, a cúpula ocorre num momento em que Bolsonaro ainda não teve a oportunidade de alinhar seu discurso àquele das principais lideranças da direita regional —Maurício Macri (Argentina), Sebastián Piñera (Chile) e Iván Duque (Colômbia). Esses políticos chegaram ao poder defendendo valores conservadores, mas isso não significa que comunguem com as propostas de Bolsonaro ou com seu estilo de expressá-las.  

Se a ideia da Cúpula Conservadora das Américas é formar um “novo eixo político, econômico e cultural”, como afirmou o deputado Fernando Francischini (PSL-PR), a equipe de campanha precisará convencer potenciais aliados de que o evento de Foz representa, ao mesmo tempo, algo novo e que faz sentido. 

Não será fácil virar mito latino-americano.

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