Confirma-se: Deus é brasileiro
Ele votou em Jair Bolsonaro, mas primeiro tentou matá-lo
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Apesar de ter, provavelmente, vários outros assuntos urgentes para tratar, Deus resolveu dedicar bastante atenção às eleições brasileiras.
Na Indonésia, Ele permitiu que houvesse um sismo, um tsunami e uma erupção vulcânica. Nos Estados Unidos, deixou que matassem 11 judeus numa sinagoga —o que não pode ter deixado de O transtornar, uma vez que tem judeus na família.
E uma das minhas unhas continua encravada, sempre perante a Sua passividade. Mas vale a pena examinar a intervenção que teve nas eleições do Brasil.
Muitos têm refletido sobre o comportamento do PT, do candidato vitorioso e dos eleitores —mas, sobre a ação de Deus, nem uma palavra dos analistas políticos.
E, no entanto, no discurso de vitória, Jair Bolsonaro agradeceu-Lhe pela oportunidade e disse que tinha sido Ele a salvá-lo do atentado.
Por outro lado, Adélio Bispo de Oliveira, o autor do atentado, disse que quem lhe deu a ordem para matar Bolsonaro foi Deus. Significa isso que Deus queria eleger Bolsonaro, mas ao mesmo tempo também queria dar-lhe uma facada.
Ou seja, era aquilo a que se costuma chamar um eleitor indeciso. A maioria dos brasileiros indecisos anulou o voto.
Mas Deus tem recursos inacessíveis aos outros eleitores e optou por essa estratégia: votou em Bolsonaro, mas primeiro tentou matá-lo.
Não sou especialista em ciência política, mas me parece uma lição de democracia muito interessante. É um voto de confiança acompanhado de um voto de desconfiança.
Apoia, mas com reservas. Elege, mas dá um aviso —e um aviso claro, com a eloquência que só uma facada nas tripas pode ter.
Um dos problemas da democracia é que a cruzinha no boletim não é capaz de captar todas as sutilezas do voto. Ou se vota sim ou não. Ora, às vezes vota-se num determinado candidato sem convicção, ou até com repugnância, ou como forma de protesto.
Mas a cruzinha só transmite a mensagem simplista do apoio. Fazia falta que, para cada candidato, houvesse uma lista de opções: voto nele; voto nele contrariado; voto nele mas, se pudesse, dava-lhe uma facada.
Foi o que Deus, sabiamente, fez. Se pudéssemos ir temperando a ação e o discurso dos dirigentes políticos à força de facadas, talvez a democracia tivesse adeptos mais fervorosos.