Descrição de chapéu

O vai da valsa

O MST quer acabar com um dos ritmos mais sublimes do mundo

Integrantes do MST próximos a prédio da Polícia Federal onde o ex-presidente Lula cumpre pena em Curitiba - Rodolfo Buhrer/Reuters
 

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Foram-se os tempos em que decisão judicial não se discutia —cumpria-se. Hoje ela pode até ser cumprida, mas só quando o paciente achar que é hora. E isso não impede que seja discutida nos foros mais circenses, como palanques, caminhões e esquinas, às vezes em termos nada protocolares. O ex-presidente Lula, por exemplo, condenado por quatro juízes federais, deixou-se prender quando quis e saiu atirando —em vários microfones, chamou o juiz Sergio Moro de mentiroso, palhaço e doente mental. 

Lula faz mau juízo de todos os investigadores, procuradores, desembargadores e juízes brasileiros, que ele acusa de julgarem baseados na opinião pública. O que é estranho já que, segundo Lula, a opinião pública está com ele. Pois é a essa Justiça, que ele esculacha sem parar, que seus advogados vivem recorrendo. E agora, preso em Curitiba, os movimentos antissociais que o apoiam querem reverter nas ruas uma decisão judicial, com concentrações, pichações e outras ameaças “até que Lula seja solto”. 

De todos esses atos de intimidação, só me assustei com um. Foi quando um militante do MST, Alexandre Conceição, certamente fã de música sertaneja, esbravejou: “Acabou a valsa! Agora é porrada, guerra e luta!”. Pensei: porrada, guerra e luta, tudo bem — fazem parte do jogo—, mas por que acabar com a valsa? 

É uma das formas musicais mais delicadas e sublimes do mundo. Todas as pessoas sensíveis a amam. “Rosa”, de Pixinguinha, é uma valsa. “Chove lá fora”, de Tito Madi, também. Além de “Lábios que beijei”, de J. Cascata e Leonel Azevedo, “Luísa”, de Tom Jobim, e, claro, “Valsa de uma cidade”, de Ismael Neto e Antonio Maria. E até a “Beatriz”, de Edu Lobo e Chico Buarque, é uma valsa, sabia? 

Eu, se fosse o Chico Buarque, não gostaria que um grosso do MST proibisse uma valsa minha.

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