Descrição de chapéu Obituário Janina Landau Schlesinger (1924 - 2018)

Mortes: Sobrevivente do Holocausto, manteve espírito conciliador

Judia polonesa foi resgatada de campo de refugiados aos 21, pesando 27 kg

Conteúdo restrito a assinantes e cadastrados Você atingiu o limite de
por mês.

Tenha acesso ilimitado: Assine ou Já é assinante? Faça login

Paulo Gomes
São Paulo

Ao se casar no pós-guerra, a polonesa Janina recebeu uma toalha de mesa de presente do noivo Hugo. "O que eu vou fazer com uma toalha de mesa?", perguntou. Como ela, ele era um sobrevivente judeu. Eles não tinham nada. Hugo respondeu com otimismo. "Um dia a gente vai ter uma casa, vai ter uma mesa. E a gente vai usar essa toalha de mesa", disse.

Os dois se conheciam da infância em Cracóvia, as famílias costumavam passar as férias juntas. Quando estourou a Segunda Guerra, ela tinha 15 anos.

Janina Landau Schlesinger (1924-2018) - Arquivo pessoal

Ele foi combater no exército de resistência, enquanto ela foi enviada para guetos e, depois, de um campo de concentração para outro. Passou por Plaszow, Birkenau, Auschwitz e Bergen Belsen.

Após o conflito, Hugo passou a percorrer os campos de refugiados em busca de uma irmã. Encontrou Janina, pesando 27 kg. Ele então pegou a antiga amiga para cuidar, e levou-a para a Itália, onde arrumaria um emprego para a moça. Depois de casados, decidiram tentar a vida no Brasil.

Aqui, Hugo teria uma proeminente produção em prol do diálogo inter-religioso entre cristãos e judeus, tendo Janina como sua assistente. Apesar de todo o horror que viveu, ela seguiu acreditando na humanidade e no diálogo.

Janina Landau Schlesinger (1924-2018) com o marido, Hugo - Arquivo pessoal

Quando ele morreu, há cerca de 20 anos, ela tomou a frente das atividades. Não seria difícil --já atuava como hábil conciliadora no círculo familiar. 

Morreu no dia 17, aos 93, por falência de múltiplos órgãos. Deixa os filhos Claudio e Ricardo, cinco netos e dez bisnetos. Aquela toalha ganha em 1946, quando não tinha nem casa, nem mesa, adornou inúmeras reuniões familiares no país que escolheu para recomeçar.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missas​​​

​​

Relacionadas