Investigadores flagram membro da FPF com celular em campo em plena final

Marcio Verri Brandão é visto em três fotos usando o aparelho durante confusão na final

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São Paulo | UOL

A investigação do Palmeiras sobre a suposta interferência externa na final do Campeonato Paulista encontrou um membro da Federação Paulista de Futebol à beira do gramado com um celular na mão, o que infringe o regulamento da competição. Fotos ainda mostram que há contradição no depoimento dos envolvidos, especialmente na fala do diretor de arbitragem da entidade, Dionísio Roberto Domingos.

O UOL teve acesso a parte do documento elaborado pela Kroll, empresa que foi contratada para ajudar o clube na busca de provas que a atuação do árbitro ao anular o pênalti marcado em cima de Dudu foi irregular. Nele, três fotos tiradas em momentos diferentes mostram Marcio Verri Brandão com o aparelho na mão.

Verri usa celular à beira do campo enquanto Dudu se prepara para bater pênalti - Reprodução

As duas primeiras exibem Verri durante o intervalo, mexendo no aparelho, trajando calça jeans, um terno cinza e um sapato branco. Com a mesma roupa, ele aparece na última delas. Na ocasião, Dudu está com a bola na marca de pênalti no primeiro plano, com o funcionário da federação à beira de campo olhando para seu aparelho, em segundo plano.

Em depoimento dado no Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo, na última semana, o diretor de arbitragem da FPF, Dionísio Roberto Domingos, disse que "achava que Verri era apenas um segurança" dos árbitros, e reforçou que não é permitido o uso de celular durante a partida.

Um documento publicado pela própria FPF em seu site, no dia 19 de maio de 2016, mostra que Verri faz parte de uma Comissão Estadual de Arbitragem da entidade, cujo presidente, à época, era Ednilson Corona.

O relatório da Kroll ainda mostra os fatos em ordem cronológica. De acordo com a investigação, a TV Globo exibiu o replay do lance às 17 horas, 31 minutos e 42 segundos. Cinco segundos depois, Verri foi flagrado olhando para seu celular à beira do campo.

Ainda de acordo com o documento, Paulo César de Oliveira, comentarista de arbitragem, disse na transmissão que não houve penalidade às 17 horas, 31 minutos e 49 segundos, quando Verri já estava à beira de campo e perto de Dionísio. Por fim, às 17 horas, 31 minutos e 56 segundos, Dionísio anda na direção de um dos auxiliares e estabelece contato visual a partir das 17 horas, 32 minutos e 14 segundos. Um vídeo exibido pela TV Palmeiras mostra o contato da dupl​a.

INQUÉRITO

O Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo finaliza, nesta segunda-feira, o inquérito 293/18, que apura a possibilidade de interferência externa na arbitragem na final do Campeonato Paulista, entre Palmeiras e Corinthians. Depois disso, o caso segue para a procuradoria do tribunal, que decidirá se oferece ou não denúncia– independentemente disso, o Palmeiras pedirá, ele próprio, a impugnação da partida até quarta-feira.

As imagens obtidas pela investigação da Kroll foram incorporadas no inquérito de forma bruta, ainda sem tratamento e edições feitas pela empresa. Serão adicionadas à impugnação que será protocolada as versões já trabalhadas de forma a identificar sinais de interferência.

Pelo andamento processual, o inquérito finalizado é enviado à procuradoria, que então decide se instaura processo e leva o caso adiante. Uma decisão pelo arquivamento do caso ou demora em tomar uma decisão poderiam impedir o Palmeiras de discutir na Justiça Desportiva o mérito do caso– a ação do alviverde reduz esse risco.

Verri Brandão, da FPF, usa celular no túnel durante final, no Allianz Parque - Folhapress

Com o encerramento das investigações, o clube paulista teria dois dias para entrar com um pedido de impugnação da partida. Se optasse por esperar a procuradoria, e esta demorasse mais do que os dois dias para agir, o Palmeiras perderia o direito de entrar com a ação. Se a procuradoria decidir pelo arquivamento do inquérito, também poderia prevalecer o entendimento de que o caso já foi analisado e não deve ser revisitado. A medida palmeirense deve garantir que o mérito da questão seja discutido.

Ao contrário do que ocorre com os processos disciplinares comuns, o pedido de impugnação da partida segue um rito diferente: não passa por comissões disciplinares, sendo apresentado diretamente ao presidente do TJD e analisado pelo pleno (totalidade dos auditores). Em caso de recurso, ele deve ser remetido ao STJD, vinculado à CBF, e, novamente, ser analisado pelo pleno. Desta decisão ainda cabe recurso à Corte Arbitral do Esporte.

Caso a procuradoria decida por oferecer denúncia, correrão simultaneamente dois processos, o do Palmeiras e o dos procuradores do TJD.

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