Santos pode ter que pagar Cuca e mais 4 técnicos nos próximos meses

Clube tem um legado de dívidas com quatro antecessores do novo comandante

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Klaus Richmond
Santos

O Santos investiu alto para contar com Cuca. Destinará R$ 700 mil mensais para o treinador e mais dois nomes de sua comissão técnica. Nos bastidores, porém, as dificuldades financeiras só aumentam.

Cuca não será o único treinador que o clube deverá pagar nos próximos meses, já que ainda tem um legado de dívidas com quatro antecessores do novo comandante.

Cuca (à dir.) conversa com o presidente do Santos, José Carlos Peres, na terça (31) - Flavio Hopp/Parceiro/Agência O Globo

Demitido no último dia 23, Jair Ventura é o primeiro da fila. Técnico e clube ainda se acertam para o pagamento de valores rescisórios e de atrasados da passagem de seis meses. O caso não deve envolver disputa judicial.

"Conversamos com o advogado [do Jair] e estamos fazendo o extrato total da dívida. Ele receberá tudo o que foi pactuado", disse Rodrigo Gama, gerente do departamento jurídico do clube.

Os nomes que antecederam Jair são os que mais preocupam. Levir Culpi, que teve uma passagem de 31 jogos em 2017, acionou o clube pedindo R$ 4 milhões. Na ação, a defesa do treinador incluiu valores referentes à rescisão e contestou a prática de parte do pagamento dos salários "por fora".

A pedida foi julgada parcialmente procedente, com quase R$ 1,7 milhão em cálculos favoráveis ao ex-treinador. O Santos discute ainda parte da sentença, mas já sabe que precisará abrir os cofres. Procurado pela reportagem, Levir disse por meio de sua assessoria que não se pronunciará sobre o tema.

Dorival Júnior é outro que move ação. A estimativa inicial da defesa do treinador é de uma dívida de aproximadamente R$ 3,5 milhões.

Ele alega no processo o não recolhimento do FGTS, além de salários atrasados, férias, 13º proporcional, bonificações e o chamado "bicho", pagamento feito por clubes para bonificar jogadores, comissão técnica e funcionários por vitórias ou metas.

Até então, o clube reconheceu apenas uma dívida de R$ 700 mil com o ex-treinador, referente aos salários de maio de 2017 e outras diferenças. As partes têm audiência marcada para outubro deste ano.

"Eu entendo que a atual administração está tendo dificuldades porque o clube não tinha caixa, mas está do jeito que o Modesto [Roma Júnior, ex-presidente] pegou, também. O do Modesto foi até pior, com uma série de ações. O Santos não quis dar passa moleque em ninguém", disse o advogado José Ricardo Tremura, ex-gerente jurídico do clube.

Atualmente, ele presta consultoria ao Santos, presidido por José Carlos Peres.

A situação apontada por Tremura é referente a processos sofridos assim que Roma Júnior assumiu, em janeiro de 2015, envolvendo o atacante Leandro Damião, o volante Arouca, o goleiro Aranha e o lateral Mena. Todos deixaram a equipe.

"Sobre o Levir, não tenho informações. O Dorival acionou discutindo valores sobre a sua rescisão. A Justiça existe para isso, para se discutir. Pegamos o clube com 247 processos", disse Roma.

"Da primeira vez [em 2010], até abri mão da minha multa devido a minha saída. Tentamos várias vezes [em 2017] e não tivemos retorno nenhum. Chega um momento em que não temos opção", afirmou Dorival.

Peres terá ainda outra herança negativa vindo de outros presidentes: acertar as contas com o técnico Enderson Moreira, demitido em fevereiro de 2015. Enderson já recebeu sentença favorável na causa movida contra o clube. O processo está em fase de cálculos, mas o valor deve superar R$ 2 milhões.

Para amenizar, o Santos tem cifras consideráveis a receber. Pela venda do atacante Rodrygo, o clube terá direito a 40 milhões de euros (R$ 175 milhões). Além disso, prevê que terá direito a cerca de R$ 40 milhões pela negociação de Felipe Anderson, que trocou a Lazio (ITA) pelo West Ham (ING).

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