Descrição de chapéu Copa do Brasil

Em nova chance no Santos, Cuca esquece camisa da sorte, gato preto e passado

Técnico treinou equipe em 2008, quando brigou contra o rebaixamento

Klaus Richmond
Santos

Santos e Cuca têm algo em comum. O clube e o novo treinador precisam rapidamente reconstruir a própria imagem.

O técnico quer apagar o último trabalho no Palmeiras, marcado por polêmicas, mas, principalmente, a passagem frustrada pela Vila Belmiro, em 2008, interrompida com apenas 14 jogos e três meses incompletos.

O presidente do Santos, José Carlos Peres, conversa com o técnico Cuca no CT Rei Pelé
O presidente do Santos, José Carlos Peres, conversa com o técnico Cuca no CT Rei Pelé - Flavio Hopp/Agência O Globo/Folhapress

“Se estou aqui é para trabalhar. Então, amanhã já vou para a beira do campo tentar reverter essa situação”, disse o treinador em sua primeira entrevista, assegurando que comandará a equipe já nesta quarta-feira (1º), contra o Cruzeiro, às 19h30, na Vila Belmiro, pela primeira partida das quartas de final da Copa do Brasil.

A passagem de dez anos atrás pouco lembra o treinador que chega ao clube com uma Libertadores e um Brasileiro conquistados nesta década na bagagem.

Na ocasião, Cuca se antecipou a pressão e pediu demissão após uma derrota por 3 a 2 para o Atlético-MG, na Vila. “Hoje estou motivado e renovado, coisa que não estava ontem. Há dez anos, falei para o [presidente] Marcelo [Teixeira]: ‘deixa eu ir, não vou poder ajudar’”.

O desempenho foi o segundo pior de um treinador no clube neste século, ou seja, a partir de 2001, com apenas 30,9% de aproveitamento. O resultado só é superado pela má campanha de Nelsinho Baptista, três anos antes, que deixou o clube com 30,7%.

Cuca assumiu o Santos em momento semelhante ao da segunda passagem como técnico. A equipe lutava contra o rebaixamento e sofria uma pressão pela ausência de resultados.

“Comparo o Cuca de 2008 como foi o Jair Ventura. Faltava experiência e vivíamos um momento de renovação no elenco. Agora, o vejo em um novo momento, muito maduro”, disse o presidente do Conselho santista Marcelo Teixeira, então presidente do clube na época.

Na Vila, Cuca ficou marcado muito mais pelas já conhecidas superstições do que pelos resultados. Fez, logo no início, um pedido curioso: usar a camisa que o acompanhou no trabalho no Botafogo, toda preta, e mandar estampar o símbolo santista.

“Ele pegou uma camisa e mandou colocar o distintivo do clube. O Cuca sempre tinha uma santinha no bolso, também, mas foi um cara que chegou no Atlético-MG e viveu 24 horas o clube. Morava no clube”, relatou o ex-dirigente santista Evaldo Prudêncio, que também trabalhou com o treinador no Atlético-MG. 

Além disso, acumulou histórias pitorescas como o pedido de soltar um gato preto no CT Rei Pelé para por fim aos maus resultados. Recorreu, ainda, ao presidente Marcelo Teixeira por uma ajuda religiosa para melhorar a pontaria da equipe.

“Foi um pedido do Cuca e eu chamei o padre Chiquinho. No grupo tínhamos jogadores de outras crenças. Então, ele fez uma palestra e rezou por nós”, disse Teixeira.

Cuca chegou a reclamar durante entrevista coletiva que também não conseguia dormir devido a presença de gatos em seu telhado. “Aqui usarei calça preta. Lá [no Palmeiras] me deram uma, vamos ver se vou ganhar aqui, também. Amanhã já estou com ela”, brincou no retorno.

Dentro de campo, novos questionamentos. O período no Santos também ficou marcado pela tentativa de inovar taticamente com um sistema 3-4-3, sem a presença de laterais no meio de campo. Não deu certo.

O trabalho foi reprovado publicamente pelos principais líderes do Santos. Após a sua saída, o zagueiro Fabiano Eller falou que se tivesse optado por um esquema mais simples a equipe sofreria menos na competição.

Cuca ainda teve problemas com relação aos métodos implementados por seu então preparador físico Riva Carli. Na ocasião, foram questionados pelo trabalho em três períodos.

O treinador volta à antiga casa mais maduro. Com títulos e o mérito de ter feito os seus times jogarem com mais simplicidade. No Palmeiras, alavancou a carreira do atacante Gabriel Jesus, hoje titular da seleção brasileira.

Ainda assim, o recomeço para construir uma nova imagem no Santos será difícil para ele. Das próximas sete partidas, cinco acontecerão fora de casa e em apenas 20 dias.

SANTOS
CRUZEIRO
19h30, Vila Belmiro
Na TV: Fox Sports
 

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.