Descrição de chapéu Copa Libertadores

Na prorrogação, River Plate vira contra Boca e é campeão

Em Madri, time de Marcelo Gallardo venceu a Libertadores pela quarta vez

Jogadores do River Plate comemoram o título da Libertadores-2018 - Thanassis Stavrakis AP/Photo

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Alex Sabino Tiago Leme
São Paulo e Madri

O River Plate gritou, esperneou, mas não viu solução que não fosse viajar a Madri para jogar uma final que deveria ser realizada em sua casa. 

Apesar de todos os contratempos, a equipe sai de Madri de alma lavada depois de vencer, de virada, a final da Libertadores contra o arquirrival por 3 a 1, neste domingo (9). Os 30 minutos da prorrogação entraram na história do futebol sul-americano. 

O gol da virada foi marcado pelo colombiano Quintero, no início do segundo tempo do tempo-extra.

Criticado no passado por ser gordo, ele acertou um chute de fora da área que colocou seu nome na história do clube. Assim como Pity Martínez, o maestro do River, que arrancou do campo de defesa para fechar o placar no último lance, quando nem o goleiro Andrada estava mais em sua posição. 

Aos críticos, Quintero sempre disse que não era gordo, mas era “bundudo”. Não que isso faça qualquer diferença agora para o torcedor do River, que conquistou a Libertadores pela quarta vez. Os outros foram em 1986, 1996 e 2015.

Por causa do título, o maior da história do time por ter sido contra o seu grande rival, o River Plate vai para os Emirados Árabes disputar o Mundial de Clubes. É o favorito para fazer a final contra o Real Madrid, dono do estádio em que fez uma das maiores festas que o futebol argentino já viu.

O torneio deveria ter terminado no último dia 24, mas teve a data trocada por causa do ataque de torcedores do River Plate ao ônibus que levava os jogadores do Boca Juniors ao Monumental de Nuñez. 

A mudança não foi apenas de dia, mas de cidade e país. Os jogadores visitantes se recusaram a entrar em campo e a Conmebol levou a final para fora do continente sul-americano pela primeira vez. 

Graças à generosidade do governo do Qatar, que pagou as contas, o jogo foi para Madri. O estádio Santiago Bernabéu recebeu 62 mil pessoas. Entre elas, Lionel Messi, torcedor do Newell’s Old Boys e que quase jogou no River Plate na infância, e Antoine Griezmann, que se sentou na tribuna vestido com a camisa do Boca Juniors.

A vitória deve render uma estátua para o técnico Marcelo Gallardo, campeão como técnico em 2015 depois de ter feito o mesmo como jogador, em 1996.

Ele deve ser homenageado na região do Monumental de Nuñez ao lado de Ángel Labruna, considerado o maior jogador da história do River.

A confusão do adiamento da final, a mudança para a Espanha e a revolta de dirigentes e torcedores foram parte do que foi a Libertadores deste ano. Os dois finalistas utilizaram jogadores em condições irregulares (Ponzio e Ábila), mas não foram punidos. 

Já o Santos foi declarado perdedor da partida de ida das oitavas de final contra o Independiente (ARG) por escalar Carlos Sánchez, que estava suspenso. Acabou eliminado.

O Grêmio tentou a vaga na final no tapetão, alegando que Gallardo não havia cumprido pena imposta pela Conmebol durante a semi. Perdeu.

Se existiu uma vantagem foi a presença das duas torcidas no estádio, o que não teria acontecido na Argentina. Existe no país a política de fazer as partidas apenas com a presença de torcedores da casa.

Na primeira parte da decisão, em La Bombonera, somente os boquenses puderam entrar no estádio. Acabou empatado em 2 a 2.

Com aparência de estar mais calmo em campo, talvez por ter conseguido o objetivo principal, que era não voltar ao Monumental, o Boca foi melhor em campo e parecia que conseguiria vencer. 

Não apenas saiu na frente, como fez um dos gols mais bonitos do torneio neste ano, finalizado por Benedetto.

O atacante vive uma fase encantada. Tornou-se mais decisivo quanto mais importante era a partida. Nas duas semifinais contra o Palmeiras, fez três gols. Anotou também na primeira final e deixou sua marca neste domingo.

Como ponto de referência do ataque, ele passava sempre por Maidana e ganhava todas as divididas. Mas por algum motivo, no segundo tempo, o técnico Guillermo Schelotto o tirou para colocar Ábila, centroavante muito mais de força do que de técnica. 

Foi a última Libertadores decidida em jogos de ida e volta. A partir de 2019, a Conmebol vai utilizar o sistema da Champions League e fazer a decisão em uma partida, em cidade e estádio determinado com mais de um ano de antecedência. O campeão de 2019 será definido em Santiago, no Chile.

Isso está no futuro, o que interessa para a torcida do River é que terá o direito de zombar, talvez eternamente, o maior rival. Não só pela vitória, mas por tudo o que aconteceu entre a primeira e a segunda decisão. E porque o clube de Gallardo impediu o Boca Juniors de chegar ao sétimo título de Libertadores e se tornar o maior campeão, ao lado do Independiente.

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