Descrição de chapéu greve dos caminhoneiros

Falta de produtos é similar à de país com desastre natural

Grandes redes varejistas não conseguem enviar os itens já estocados para as lojas

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Joana Cunha
São Paulo

A falta de produtos em supermercados atingiu patamares comparáveis ao que se vê em países onde ocorrem desastres naturais, segundo a Neogrid, empresa especializada em gestão de estoque de varejo, que acompanha mais de 25 mil lojas no país.

No domingo (27), o indicador conhecido como ruptura, que aponta a ausência do produto na prateleira, foi para 11,6% no arroz, que começou o mês de maio no patamar de 4,6%, considerado normal.

A falta do feijão subiu dos habituais 3,5% no início do mês para 9,2%, segundo a Neogrid. O salto, causado pela quebra no abastecimento e pela corrida dos consumidores aos mercados, é o mais alto em 15 anos, segundo Robson Munhoz, vice-presidente de operação da Neogrid.

"É o tipo de coisa que se vê quando há desastre natural, coisa que não tem no Brasil", diz.

Até as grandes redes varejistas, cujos centros de distribuição e armazenagem costumam ter capacidade para até 20 dias, segundo o executivo, foram afetadas porque não conseguem enviar os itens já estocados para as lojas.

Quem foi a grandes supermercados nos últimos dias percebeu que sobraram mais produtos de marcas próprias, aquelas do próprio grupo varejista, sem a bandeira de um fabricante. "Isso acontece porque a marca própria geralmente tem mais retaguarda no estoque porque são produtos de maior margem de lucro", diz Munhoz. 

Carlos Eduardo Santos, presidente da Abrappe (associação de prevenção de perdas) afirma que o problema de ruptura exagerada nos supermercados já tinha sido superado desde os tempos de hiperinflação, mas a causa naquele época era o descontrole dos estoques devido à variação dos preços. Hoje o problema está em toda a cadeia de abastecimento, desde o fornecimento de ração para os frangos até o gás usado para assar pães nos supermercados.

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