Brasil melhora em ranking de inovação, mas está longe de líderes até na América Latina
No ranking deste ano, o país ocupa a 64ª posição dentre as 126 economias avaliadas
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Lorena Rivera, consultora em políticas de inovação da OMPI, diz que, no caso do Brasil e de outros latino-americanos, o nível de investimento em pesquisa e desenvolvimento é bom, mas isso não se traduz necessariamente em resultados e em mais inovação.
“Há muitas razões que podem explicar isso, mas uma delas é que as políticas implementadas não são necessariamente de longo prazo”, diz.
No caso do Brasil, mesmo quando o recorte é regional, o país ainda está longe de ser uma liderança em inovação.
Na América Latina e no Caribe, o país aparece em sexto lugar em uma relação de 18 economias --os três primeiros são Chile, Costa Rica e México.
Ainda assim, houve avanços no Brasil, afirma Soumitra Dutra, professor do Cornell SC College of Business e um dos responsáveis pelo ranking.
“Estive recentemente no Brasil, e o que me impressionou foi a liderança que agora é compartilhada entre o governo brasileiro e o setor privado”, diz.
“O que eu vejo acontecendo no Brasil é uma maior percepção de que o futuro requer que o Brasil e a indústria brasileira mudem e inovem. E isso tem sido provocado pela sensação de crise gerada pelas incertezas políticas no país.”
A evolução do país no ranking teve como base uma melhora nos indicadores brasileiros, e não uma piora de outras economias, ressalta. “O Brasil melhorou, conforme o ranking identificou. Muitos países também melhoraram, mas o Brasil melhorou num ritmo mais rápido.”
O ranking aponta que o Brasil tem desempenho melhor em gastos com pesquisa e desenvolvimento, importações e exportações líquidas de alta tecnologia, qualidade de publicações científicas e universidades. Nesse último item, os destaques são as paulistas USP e Unicamp e a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
A sofisticação de negócios também é um ponto forte, com boa absorção de conhecimento, segundo o índice. Mas algumas fragilidades impedem o país de melhorar sua classificação. Dentro da área instituições, a principal é o ambiente para negócios (110°) e a burocracia para abrir uma empresa —o país ocupa a 123ª colocação em facilidade de iniciar um empreendimento.
No quesito sofisticação de mercado, são apontadas dificuldades em crédito (104°), enquanto em infraestrutura o problema é na formação bruta de capital fixo (104°) —ou investimento para ampliar a capacidade produtiva.
Na avaliação de Gianna Sagazio, superintendente e diretora de inovação da CNI (Confederação Nacional da Indústria), o Brasil precisa de uma estratégia nacional de inovação.“
A gente precisa ter foco. O exemplo da China, é um país que tem uma visão de futuro e que estabeleceu a inovação como uma prioridade do país. A CNI entende que é importante eleger a inovação como prioridade e estratégia de desenvolvimento do Brasil.”
Sagazio lembra que os países considerados mais inovadores estabelecem políticas por décadas. “Da mesma forma, precisamos de políticas e ferramentas para que a gente possa avançar como uma estratégia de país. É a indústria forte que vai gerar emprego de qualidade e bem-estar para as pessoas”, destacou.
Ela vê necessidade de melhorar o sistema de financiamento à inovação no Brasil e o marco regulatório. “É preciso preparar as pessoas para esse ambiente disruptivo. Estamos tentando melhorar todos os indicadores que compõem o índice”, ressaltou.
CNI e Sebrae são parceiros de conhecimentos do índice, ao lado da Confederação das Indústrias Indianas, da equipe Strategy& da PwC (PricewaterhouseCoopers) e de um conselho consultivo de especialistas internacionais.
O indicador de inovação é publicado anualmente desde 2007. Ele serve para ajudar formuladores de políticas a melhorar a avaliarem o progresso de seus países na área. O índice é calculado pela média dos subíndices de insumos de inovação e produtos de inovação.