Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Claudio Bernardes

Economia digital urbana deve envolver todos os cidadãos

É preciso garantir igualdade de acesso à informação e legislação adequada

A economia digital urbana é o resultado da difusão de um amplo espectro de tecnologias de informação e telecomunicação nas cidades.

Nas últimas décadas, ficou evidente que essa massiva transformação tecnológica é responsável por uma acentuada mudança em setores importantes, como transportes, saúde, comércio e serviços. A revolução digital transforma-se em indutor de novos negócios e modelos inovadores de desenvolvimento, alterando profundamente os padrões de comportamento dos moradores das áreas urbanas.

A revolução dos smartphones é, em grande parte, responsável por esse fenômeno, tendo democratizado o uso da internet e possibilitado à grande parte da população acesso ao mundo digital. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que, em 2017, caiu o percentual de brasileiros que acessam a internet por um computador, e aumentou o acesso mobile. Entre os entrevistados, 69% disseram acessar a internet por telefones celulares.

Contudo, se por um lado a digitalização é essencial para engajar os habitantes urbanos numa nova era tecnológica, as cidades devem estar atentas para identificar quais cidadãos estão fora do alcance desse modelo, e ter certeza de que aqueles que requerem assistência para acessar os serviços online tenham como obtê-la com rapidez e eficiência.

O entendimento das dificuldades de universalização do acesso à tecnologia possibilitará o encontro de soluções para acelerar o processo de digitalização das economias urbanas.

Envolver os cidadãos nos processos de decisão é fundamental.

Pesquisa realizada entre 500 jovens, com idades aproximadas de 30 anos, de 45 países diferentes, mostrou que eles estão ávidos por soluções digitais nas cidades, mas, ao mesmo tempo, não mostram nenhuma vontade de aderir a plataformas que invadam sua privacidade e tenham acesso às suas informações pessoais.

Para evitar situações como essa, as cidades devem usar processos inovadores para envolver seus cidadãos. As organizações podem, por exemplo, usar as soluções de CRM (Costumer Relationship Management) para buscar respostas e promover interações a cada estágio de decisão. Isso pode garantir o envolvimento dos cidadãos nas importantes decisões sobre os rumos das cidades.

O compartilhamento é um dos importantes efeitos da economia digital.

Serviços como a Uber permitem aos habitantes participarem da vida das cidades, explorando-as e se locomovendo de maneira acessível.

Porém, esse modelo não está limitado ao compartilhamento de transportes; há inúmeros serviços semelhantes para tudo que for possível imaginar, de moradia à alimentação.

Para o melhor engajamento dos cidadãos na era digital urbana, a preocupação das cidades deve ser com a criação de legislação adequada, para que os serviços de compartilhamento aconteçam com segurança e sejam acessíveis a todos os habitantes urbanos.

Além disso, cuidados específicos devem ser considerados à medida que o processo de digitalização evolui. A economia digital pode aprofundar as desigualdades nas cidades. Claramente, nem todos os cidadãos estão se beneficiando igualmente. Idosos e pessoas com menos educação, por exemplo, enfrentarão riscos maiores de exclusão e precisarão de atenção especial.

Embora o futuro seja incerto, podemos ter certeza de que a cidade digital começa com o envolvimento dos cidadãos. Ao garantir igualdade de acesso à informação, legislação adequada e inovação, é possível, efetivamente, incluir as pessoas no processo de construção de um mundo digital urbano de qualidade.

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