Zigue-zague entre Israel, EUA e palestinos beneficia papel de Putin
Netanyahu fala em anexar assentamentos; Abbas rejeita mediação americana
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O zigue-zague entre Israel, EUA e territórios palestinos nesta segunda-feira (12) evidenciou mais uma vez o caos da diplomacia em torno do conflito árabe-israelense.
Desde a eleição de Donald Trump em novembro de 2016, tem se intensificado na região uma dinâmica marcada por declarações descoordenadas, desmentidos, acusações e oportunismos. O beneficiário óbvio é o presidente russo, Vladimir Putin.
A julgar pelos relatos que vazaram durante o dia, o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, surpreendeu Washington ao dizer ter apresentado à Casa Branca seus planos de anexar os assentamentos na Cisjordânia.
Dada a importância do tema a presença de colonos nesse território ocupado por Israel em 1967 é um dos entraves às negociações de paz com os palestinos é espantoso que um aceno seja feito com tamanho desengonço.
Analistas atônitos tentaram durante a tarde encontrar alguma razão no gesto do premiê israelense. Sugeriram que Netanyahu discursava para apaziguar seus aliados mais à direita, como o nacionalista religioso Naftali Bennett, ministro da Educação.
Mas a estratégia beira o nonsense, dado o resultado óbvio, veloz e implacável: Netanyahu foi desmentido pela Casa Branca, mesmo depois de ter dado a entender que os EUA de alguma maneira apoiavam seu projeto de estender a soberania israelense aos assentamentos.
Enquanto um porta-voz do governo americano explicava ser falsa a alegação de Netanyahu, o ativista israelense Daniel Seidemann fez em uma rede social a sua própria análise da crise, com ironia: Israel é abençoado com um premiê que não é honesto o suficiente para Trump.
Como se não fosse desentendimento suficiente, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, se reuniu em paralelo com Putin, contribuindo ao pandemônio declaratório.
Putin recebeu Abbas dizendo ter acabado de falar com Trump ao telefone e contou que o americano lhe enviava saudações. A fala parece ter escrita para incomodar os espectadores, como se derrubasse a quarta parede.
Abbas, por sua vez, disse a Putin em Moscou não poder mais aceitar o papel americano como mediador nas negociações entre israelenses e palestinos, sugerindo que o Moscou amplie sua participação no processo de paz.
O líder palestino não demonstra ter nenhuma intenção de contar com o governo americano, excluindo os EUA de um papel que o país historicamente desempenhou entre árabes e israelenses.
Depois de ter em dezembro reconhecido Jerusalém como capital israelense, Trump disse em uma entrevista recente duvidar de que palestinos e israelenses estejam interessados na paz. Temos de ver o que acontece, disse.