O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, disse nesta segunda-feira (12) que tem discutido com os Estados Unidos a possibilidade de Israel anexar assentamentos judeus na Cisjordânia ocupada.
Netanyahu não informou quão adiante as discussões seguiram sobre o anexo de algumas das terras que os palestinos querem para um futuro Estado ---um movimento que certamente encontraria forte oposição internacional.
"Sobre o assunto da aplicação da soberania israelense [nas colônias], posso dizer que eu tenho conversado com os americanos sobre isso há algum tempo", disse Netanyahu a deputados de seu partido Likud.
Aplicar a soberania nas colônias pode ser considerado uma anexação ---atualmente elas estão sob a jurisdição do Exército israelense, que ocupou a Cisjordânia em uma guerra de 1967. A declaração atribuída publicamente a Netanyahu é sua primeira expressão de apoio a um projeto defendido por integrantes de seu partido e pela maioria do Parlamento.
A medida complicaria ainda mais uma saída para o conflito israelense-palestino e a solução com dois Estados, ou seja, a criação de um Estado palestino como a referência da ONU e de grande parte da comunidade internacional.
A Casa Branca negou que tenha discutido o assunto com Israel.
"Relatos de que os EUA discutiram com Israel um plano de anexação para a Cisjordânia são falsos", afirmou o porta-voz Josh Raffel. "Os EUA e Israel nunca discutiram tal proposta, e o foco do presidente continua sendo na iniciativa de paz entre israelenses e palestinos."
Nabil Abu Rdainah, porta-voz do presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse que qualquer anexação "destruirá todos os esforços para tentar salvar o processo de paz".
"Ninguém tem o direito de discutir a situação das terras palestinas ocupadas", disse Abu Rdainah.
A maioria dos países considera ilegais os assentamentos judaicos na Cisjordânia. Israel contesta isso.
No domingo, Netanyahu bloqueou um projeto de lei proposto por deputados da direita para aplicar a soberania israelense nas colônias. As falas desta segunda podem ser uma tentativa de amenizar qualquer precipitação política dentro do partido.
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