Antes de encontro com Putin, Trump diz que relações com a Rússia nunca estiveram piores

Presidente avalia que a deterioração foi causada por 'anos de tolice e estupidez americana'

O presidente dos EUA, Donald Trump, se encontra com presidente russo, Vladimir Putin, em Helsinque, na Finlândia - Kevin Lamarque/Reuters
 

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Diogo Bercito
Madri

O presidente americano, Donald Trump, incomodou seus aliados nas visitas da semana passada a Bruxelas e Londres, questionando a Otan (aliança militar ocidental), criticando a União Europeia e humilhando a primeira-ministra britânica, Theresa May.

Nesta segunda-feira (16), ao chegar à Finlândia para se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin, o americano voltou a desagradar. Em uma mensagem publicada em uma rede social, ele disse que as relações entre os EUA e a Rússia "NUNCA estiveram piores" (com essas letras maiúsculas).

Coincidindo com o ponto de vista de Putin, Trump avaliou que a deterioração dos laços foi causada pelos "muitos anos de tolice e estupidez americana". O Ministério do Exterior russo respondeu na rede social: “Estamos de acordo”, com tom sarcástico.

Trump também culpou as investigações americanas sobre a interferência russa nas eleições de 2016, que ele descreveu como uma "caça às bruxas". Ou seja -- eximiu Putin de culpa, atacando em vez disso seu antecessor no cargo, Barack Obama, e desautorizando as instituições formais de sua própria administração.

Trump está fora dos EUA desde a semana passada, e na sexta-feira (13) promotores americanos acusaram 12 russos por roubar documentos do Partido Democrático. Não há expectativa de que o presidente pressione Putin em relação a esse episódio, no entanto.

Como notou o jornal britânico Guardian, Trump deixou ademais de citar em sua mensagem na rede social outros eventos globais que azedaram os laços americanos com a Rússia: a anexação da Crimeia ucraniana por Putin, por exemplo, e as posições conflitantes desses dois países sobre a Síria, o Irã e mesmo a Coreia do Norte.

Manifestante usa máscara de Donald Trump em protesto em Helsinque, na Finlândia - Alessandro Rampazzo/AFP

O encontro estava previsto para às 13h locais em Helsinque (às 7h em Brasília), sob os protestos de grupos contrários às políticas do americano e do russo. Mas Putin pousou na Finlândia já com uma hora de atraso, no que foi interpretado como uma estratégia de demonstração de poder.

Ele fez o mesmo, aliás, com outros tantos líderes. Em outra ocasião, o russo deixou a chanceler alemã, Angela Merkel, esperando por quatro horas.

No que parece ter sido uma maneira de ter a última palavra, Trump atrasou sua saída do hotel e também não estava no local do encontro quando a comitiva de Putin chegou. ​

O americano por fim chegou às 13h57 locais, quase uma hora após a previsão do encontro. Após a reunião, as formalidades e os protocolos, os dois líderes devem fazer declarações oficiais.

O aperto de mãos entre ambos durou três segundos, e antes de fechar as portas à imprensa Trump congratulou Putin pela organização da Copa do Mundo.

“Acho que temos grandes oportunidades juntos como dois países que, francamente, não têm se dado bem nos últimos anos. Acho que vamos acabar tendo uma relação extraordinária. Realmente penso que o mundo quer nos ver nos dando bem. Somos as duas grandes potências nucleares.”

Putin disse que queria conversar, segundo a Embaixada da Rússia nos EUA, sobre "maneiras de normalizar as relações bilaterais, bem como assuntos internacionais atuais, em primeiro lugar a situação na Ucrânia, na Síria e na Península Coreana, e a luta contra o terrorismo".

Após a reunião a portas fechadas, as formalidades e os protocolos, os líderes devem fazer as suas declarações oficiais.

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