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Trilhos tucanos

Há desmandos e trapalhadas de todos os tamanhos na gestão dos sistemas

Trem na estação Moema, da linha 5-lilás do metrô, na zona sul paulistana - Rivaldo Gomes/Folhapress

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Seja no aspecto da ética e da probidade, seja no da eficiência gerencial, a gestão dos sistemas metroviário e ferroviário constitui um calcanhar de Aquiles dos governos do PSDB que se sucedem no estado de São Paulo desde os anos 1990.

O caso mais escandaloso, sem dúvida, é a denúncia, ainda em andamento no Judiciário, de um cartel de fornecedores que teria manipulado licitações do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) de 1998 a 2008. Há, no entanto, desmandos e trapalhadas de todos os tamanhos.

Parte considerável deles se encontra na linha 5-lilás do transporte metroviário na capital paulista. Na quarta-feira (18), o presidente da empresa e cinco antecessores se tornaram réus, sob acusação de improbidade administrativa, em razão da compra de 26 trens, em 2011, para operar no trecho.

O equipamento, que custou R$ 615 milhões, permaneceu sem uso por anos, encostado em pátios e exposto aos efeitos do clima e à ação de vândalos —sem falar na contagem do prazo da garantia oferecida pelo fabricante.

O motivo foi que a linha não estava concluída; aliás, os trabalhos prosseguem ainda hoje. Os trens, ademais, não se encaixam nos trilhos das demais linhas da cidade.

Descalabros não são novidade na 5-lilás. Em 2010, esta Folha soube com seis meses de antecedência o resultado de uma licitação, aberta na gestão de José Serra, para obras no valor total de cerca de R$ 4 bilhões (mais de R$ 6 bilhões atualmente, em valores corrigidos).

A reportagem sobre o episódio suscitou processo que levou à condenação em primeira instância, em fevereiro deste ano, do atual chefe de gabinete da prefeitura paulistana, Sérgio Avelleda, que comandou o Metrô de 2011 a 2012, no governo Geraldo Alckmin.

Avelleda também figura entre os réus da ação relativa às perdas com a aquisição dos trens. Desta lista consta ainda o atual secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni.

É cedo, decerto, para falar em responsabilidades individuais. Ao todo, os acusados presidiram a empresa ao longo de uma década, com diferentes graus de ação ou omissão —tudo a verificar— no caso. A secretaria de Pelissioni, registre-se, considerou a ação descabida.

Fato é que os prejuízos e atrasos estão à vista de contribuintes e usuários paulistas. O conjunto da obra, inegavelmente, mostra-se negativo para a administração tucana.

editoriais@grupofolha.com.br

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