Assassinato de radialista no Pará é investigado pela polícia

Apresentador denunciava supostas corrupções de empresários e políticos

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Nayra Wladimila
Belém

O radialista Jairo Sousa, 43, foi morto a tiros por volta das cinco horas da manhã da última quinta-feira (21) quando chegava para trabalhar em uma emissora de rádio em Bragança, no nordeste do Pará. A Polícia Civil informou que a investigação está sob sigilo e que não descarta nenhuma hipótese das motivações para o crime.

Câmeras de monitoramento e, segundo a polícia, o depoimento de um segurança que trabalhava próximo à emissora apontam para dois homens em uma moto que pareciam aguardar o jornalista. Assim que ele chegou, o suspeito que estava na garupa saltou e atirou duas vezes em suas costas. Ele foi socorrido mas morreu pouco tempo depois de chegar ao hospital.

Mesa de som no estúdio de rádio em São Paulo - Christian von Ameln - 27.fev.2012/Folhapress

"Nenhuma hipótese pode ser descartada, pois ainda precisam ser investigadas. Inclusive algumas trazidas pela família, de que ele sofria ameaças políticas. Somente o avanço das investigações poderá permitir a definição da motivação para o crime”, disse o delegado Silvio Maués, porta-voz da Polícia Civil.

Jairo Sousa trabalhou na rádio Pérola FM pela primeira vez na década de 1990. Depois, apresentou o programa “Patrulhão 106” na rádio Princesa FM, em Capanema, também no nordeste do Estado. Notícias polêmicas e o humor eram suas marcas. De volta à Bragança, já no “Show do Pérola”, programa que o radialista apresentava de segunda a sábado das 5h às 9h na Pérola, questões de segurança pública e política eram abordadas. 

Um amigo de Jairo, que pediu para não ser identificado por motivo de segurança, diz que o apresentador denunciava supostas corrupções de empresários e políticos da esfera municipal, envolvendo superfaturamentos e desvios. Segundo ele, o jornalista dizia ser ameaçado, mas não contava de onde as ameaças partiam.

No dia da morte, as rádios do município prestaram um minuto de silêncio em homenagem a Jairo, que também foi alvo de comoção nas redes sociais e na imprensa.

A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) afirmou que trabalha para apurar se o crime foi uma retaliação ao trabalho de Sousa e que encaminhou ofícios ao secretário de Segurança Pública, ao Governador e ao delegado-geral da Polícia Civil do Pará pedindo rapidez no esclarecimento do homicídio.

"O assassinato de um comunicador em função do exercício da atividade jornalística é um grave atentado à liberdade de expressão. Ao tentar silenciar uma voz e criar um clima de insegurança entre os demais profissionais, crimes do tipo prejudicam a circulação de informações e opinião", diz a entidade, em seu site. 

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