Guilherme Boulos exagera ao falar sobre EUA e fundo partidário

A Lupa checou as declarações do candidato do PSOL na sabatina promovida por Folha, UOL e SBT

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São Paulo | Agência Lupa

“[O Brasil] voltou a falar fino com os EUA”
EXAGERADO
 Desde janeiro de 2017, o Brasil se posicionou de forma pública e contrária aos EUA em pelo menos seis ocasiões. Todas elas em questões polêmicas, de grande repercussão internacional. Em junho, o Itamaraty classificou como “prática cruel” a separação de menores de seus pais e responsáveis. Em abril, se colocou contra as intervenções americanas na Síria. Em março, publicou nota quando o governo dos EUA decidiu aplicar sobretaxa de 25% no aço e 10% no alumínio brasileiros. Em dezembro de 2017, o Itamaraty foi contra o reconhecimento pelos EUA de Jerusalém como capital de Israel. Em agosto, se alinhou ao Mercosul e mostrou “repúdio à violência e qualquer opção que envolvesse o uso da força” por parte dos EUA na Venezuela. Em janeiro do ano passado, o governo brasileiro criticou a ideia do presidente americano, Donald Trump, de construir um muro na fronteira com o México. Procurado, Guilherme Boulos afirmou que “é coisa de ‘país-capacho’ simplesmente emitir uma nota”.

“[Recebemos] Mais ou menos 20 vezes menos do que o PMDB [do fundo eleitoral para a campanha]”
EXAGERADO 
De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), popularmente conhecido como fundo eleitoral, distribuiu R$ 1,7 bilhão. Desse total, R$ 234 milhões foram para o MDB e R$ 21,4 milhões para o PSOL, ou seja, o MDB ganhou 10,9 vezes mais. Procurado, Boulos não se manifestou.

“O Brasil é um dos países que mais consome (...) antidepressivo do mundo”
INSUSTENTÁVEL
 Não há dados sobre o consumo de antidepressivos no Brasil nos levantamentos realizados pelas organizações mundiais da área de saúde. A OCDE publicou, em 2017, o relatório “Health at a Glance”, que mostra que Islândia, Austrália e Portugal são os países que mais consomem esse tipo de medicamento no mundo. O levantamento, no entanto, analisou 29 países, e o Brasil não está entre eles. Um estudo da seguradora SulAmérica indicou que, de 2010 a 2016, a quantidade de antidepressivos adquirida pelos clientes do plano de saúde aumentou 74% no Brasil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou, em 2015, que 5,8% da população brasileira tinha algum distúrbio relacionado à depressão, o que equivale a 11.548.577 casos. Nos Estados Unidos e na Austrália, essa taxa atinge 5,9% dos habitantes, enquanto na Ucrânia, chega a 6,3%. Procurado, o candidato afirmou que baseou sua fala em dados da IMS Health e da Proteste, que indicam abuso de antidepressivos por parte dos brasileiros.

“Sabe qual o investimento do estado do Rio de Janeiro (...) em inteligência este ano? (...) R$ 283”
VERDADEIRO
 De acordo com o Portal da Transparência, até setembro de 2018, o Rio de Janeiro gastou R$ 258 em “informação e inteligência”. O orçamento previsto para o ano é de R$ 3,5 mil. Em 2017, o estado gastou R$ 2,5 mil dos R$ 5 mil orçados. Em 2016, não utilizou verba nesta função.

“Mais de 70% dos empregos no país são gerados pelas micro, pequenas e médias empresas”
VERDADEIRO
 Segundo levantamento do Sebrae com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), os pequenos negócios respondem por 72% do total de empregos gerados no Brasil em julho de 2018.

“Só neste ano, houve R$ 283 bilhões de desonerações fiscais para grandes empresas neste país”
EXAGERADO
 A estimativa da Receita Federal é de que o Brasil deixe de arrecadar R$ 283,4 bilhões em impostos em 2018. Segundo o Demonstrativo de Gastos Tributários, as principais renúncias são o Simples Nacional (R$ 80,7 bilhões), isenções do Imposto de Renda de Pessoa Física (R$ 27,1 bilhões), isenções para a Zona Franca de Manaus (R$ 24,2 bilhões) e a desoneração da cesta básica (também R$ 24,2 bilhões).

Verdadeiro A informação está comprovadamente correta.  Exagerado Está no caminho correto, mas houve exagero  
Insustentável Não há dados públicos que comprovem a informação.

Chico Marés, Clara Becker , Leandro Resende , Nathália Afonso e Plínio Lopes

Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do que a Agência Lupa informou, a frase “Só neste ano, R$ 283 bilhões de desonerações fiscais para grandes empresas neste país”, dita pelo candidato Guilherme Boulos (PSOL) na sabatina realizada pelo jornal, não é “verdadeira”, mas "exagerada". Análise dos dados da Receita Federal mostra que 52,93% das desonerações são destinadas a micro e pequenas empresas, microempreendedores individuais, pessoas físicas e entidades do terceiro setor. 

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