Em busca da melhor participação em Olimpíada na história do país, a delegação brasileira disputará a Rio-2016 com número recorde de atletas, mas também com menos experiência em relação aos Jogos de Londres, em 2012.
Dos 465 esportistas com vaga no evento, 310 (67%) vão participar de uma Olimpíada pela primeira vez. Há quatro anos, dos 259 classificados para Londres, 135 (52%) não tinham no currículo uma participação nos Jogos.
Mesmo com boa parte de novatos na delegação, o COB (Comitê Olímpico do Brasil) planeja colocar neste ano o Brasil pela primeira vez entre os dez primeiros no quadro de medalhas —em Londres, o país ficou na 22ª posição.
Porcentagem de atletas medalhas olímpicas -
Para isso, o rendimento de atletas que nunca participaram dos Jogos deve ser decisivo para que o país alcance a meta. Isaquias Queiroz e Patrick Lourenço são dois exemplos de atletas que nunca participaram de uma Olimpíada, mas que carregam grande expectativa por medalhas na Rio-2016. O primeiro é candidato a três pódios na canoagem, e o segundo foi campeão continental na categoria até 49 kg do boxe em 2013.
Para diminuir a ansiedade, Lourenço se prepara para a Olimpíada também com o apoio de psicólogos.
"Com a ajuda deles, encontro a resposta que eu mesmo não sabia que tinha. Através da conversa, fico mais tranquilo e consigo controlar a ansiedade para usá-la na hora certa", afirma o lutador, que tem consultas ao menos duas vezes por semana.
De acordo com o COB, cerca de 30 profissionais de preparação mental forneceram apoio aos atletas nos meses que antecederam a disputa da Olimpíada do Rio.
Além disso, a entidade adotou como estratégia a interação entre a delegação brasileira e atletas vitoriosos como Guga, Daiane dos Santos e Giba, que participaram de reuniões de orientação e apoio aos competidores.
"Assim como o atleta faz preparação física, técnica e segue recomendações de alimentação e descanso, ele também precisa treinar as habilidades mentais, como a concentração e o manejo das emoções", afirma o gerente de performance esportiva do COB, Jorge Bichara.
Médias dos atletas brasileiros -
Número de atletas nas seguintes faixas de idade -
Número de atletas nas seguintes faixas de peso -
Número de atletas nas seguintes faixas de altura -
PAÍS-SEDE
A maior participação de novatos na equipe brasileira acontece porque o país sedia a competição e, com isso, tem direito a inscrever atletas em quase todas as modalidades, sem a necessidade de atingir o índice olímpico.
Na Rio-2016, o Brasil estreia em cinco esportes: badminton, ginástica de trampolim, golfe, hóquei sobre grama e rúgbi. Entre todas as modalidades, apenas o hóquei sobre grama feminino não obteve vaga, por não atender aos critérios mínimos estabelecidos pela respectiva federação internacional.
Além disso, o país terá representantes pela primeira vez nas modalidades femininas da canoagem velocidade e do polo aquático, na ginástica artística por equipes masculinas, no conjunto de nado sincronizado e nos saltos ornamentais sincronizados.
Entretanto, se atletas de modalidades incomuns para os brasileiros vão para a primeira experiência olímpica, as equipes de esportes em que o país tem mais tradição acumulam maior bagagem. É o caso do judô, esporte que mais rendeu medalhas para o país na história: 19, sendo três ouros, três pratas e 13 bronzes. Dos 14 atletas que representarão o país na Rio-2016, apenas quatro nunca foram a uma Olimpíada.
"Um atleta experiente pode ter um fator a favor, que é o conhecimento deste tipo de competição e das reações que aparecem", diz a psicóloga e professora do Departamento de Ciências do Esporte da Faculdade de Educação Física da Unicamp Paula Teixeira Fernandes. "Porém, ele pode também se acomodar e não prestar atenção a detalhes relevantes, o que pode interferir negativamente."
MEDALHISTAS
Apenas 37 atletas da delegação brasileira conquistaram alguma medalha em Olimpíadas. Robert Scheidt, da vela, e a jogadora Formiga, da seleção feminina de futebol, são os mais experientes, com cinco participações cada. Ambos participam dos Jogos desde Atlanta-1996.
Scheidt ganhou dois ouros (Atlanta-1996 e Atenas-2004), duas pratas (Sydney-2000 e Pequim-2008) e um bronze (Londres-2012). Já Formiga foi prata duas vezes (2004 e 2008) e tenta o ouro inédito.
Além dos 465 atletas, a delegação brasileira terá 344 outros integrantes como técnicos e médicos; totalizando 809 pessoas. O time nacional começa a chegar à Vila Olímpica neste domingo (24).