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Potência do hóquei, torcedores australianos confraternizam com cariocas

Austrália e São João de Meriti se encontraram neste domingo no centro olímpico de hóquei em Deodoro. Mesmo sem falar a mesma língua, chegaram à mesma conclusão: as chinesas jogam bem, mas não conseguem finalizar as jogadas.

Os australianos Scott Dawns, 52, e George Goodsell, 60, acompanhavam atentamente a partida feminina de hóquei sobre a grama entre China e Alemanha, torcendo para o time chinês, o azarão. "Ôôôô go Reds! Go China", gritavam.

Vieram com o casal de aposentados Ross Ibell, 75, e Patrícia, 71. São todos fissurados em hóquei, treinam times do bairro e já foram jogadores. Cada um pagou US$ 2.600 por uma passagem para o Rio e vão assistir a todos os jogos de hóquei até o fim da Olimpíada. A Austrália é número 1 no mundo no masculino e 3 no feminino.

Patricia Campos Mello/Folhapress
*** Materia especial sobre torcedores na Ollimpianda *** Australianos Scott dawns e George goodsell. Foto Patricia Campos Mello / Folhapress ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Australianos Scott Dawns e George Goodsell vieram ao Brasil torcer pelo hóquei

Na arquibancada de baixo, Fernando Rezende, 37, que trabalha no Senai, a mulher, Ana Paula, o filho, e amigos faziam "ôla" para as alemãs.

"Não que eu entenda alguma coisa, nem sabia que existia hóquei fora do gelo. Mas nós ganhamos vários ingressos", contava Fernando.

Eles saíram de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, e foram de carro até a estação de trem de Nilópolis. De lá, vieram para Deodoro. "Foi bem fácil chegar."

Já para os australianos, nada foi fácil.

No sábado (6), primeiro dia de jogos, os quatro fãs de hóquei literalmente passaram fome para ver suas equipes favoritas. Nenhuma das lojas de alimentação no estádio estava aberta e os quatro ficaram em jejum das 10h às 23h.

"Na verdade, a mãe de uma jogadora nos deu meio croissant amassado e depois imploramos por comida a um dos voluntários, que nos deu um sanduíche. Dividimos em quatro", contou George, que é professor.

O funcionário público Scott, que nunca perde o bom humor, repetiu a expressão em inglês que se tornou bordão da viagem. "Não reclamem. Tudo isso 'faz parte da rica tapeçaria da vida'."

Para chegar ao estádio, pegaram metrô em Copacabana e depois o trem para Deodoro. Mas, da estação até o estádio, caminharam ao menos 1,5 km com sol forte. E Ross tem angina. "Pedimos informação a cinco voluntários: três não falavam inglês e os dois que falavam não sabiam nada", disse Patricia. "Esperávamos mais organização."

George contemporizou.

"Li tanto sobre os assaltos no Rio e a zika que esperava muito pior."

Escaldado pelo jejum do sábado, Scott trouxe um "sanduíche de queijo e presunto engordurado" enrolado em seu casaco e conseguiu driblar a revista na entrada do estádio. "Hoje não passo fome."

No domingo (7), as barraquinhas estavam abertas. Mas, às 15h, só tinha sobrado sanduíche de linguiça.

Com ajuda da tradução da reportagem, brasileiros e australianos confraternizaram na arquibancada.

"Não acredito que vocês não conhecem hóquei, é o melhor esporte do mundo! Sabe qual a diferença entre futebol e hóquei? Um jogador de futebol passa 90 minutos fingindo que está machucado, enquanto um jogador de hóquei passa 60 minutos fingindo que não está machucado", brincou Scott.

Que esporte é esse? - Olimpíada - Folha de S.Paulo

A técnica de enfermagem Patrícia Dutra, que veio de Osvaldo Cruz, zona norte do Rio, estava entusiasmada com a oportunidade de ver um esporte diferente. "Estava R$ 40 o ingresso, resolvi comprar para ver como é", disse, ao lado da filha de três anos. "Minha filha queria ver a ginástica artística, mas não deu para comprar. Disse para ela que aqui vai ter cambalhota, e ela pergunta a cada dez minutos: mãe, cadê a cambalhota?"

Patrícia disse que já começava a entender as regras do hóquei. "É tipo futebol, mas com tacos. Já percebi que, quando bate um taco no outro, é falta", disse.

Pergunto ao especialista Scott. "Hum, não necessariamente, depende de como eles batem os tacos.".

O jogo terminou empatado, 1 a 1. Da arquibancada de baixo, em português, Fernando ecoou: "Jogaram bem as chinesas, mas não conseguem marcar gol".

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