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Erlon Souza, parceiro na canoa de prata, é a antítese de Isaquias

Erlon Souza, 25, é tão baiano quanto o conterrâneo Isaquias Queiroz. Porém, fora isso, um é a antítese do outro.

Enquanto o multimedalhista Isaquias é falador, descontraído e carismático, Erlon é mais tímido e retraído.

"Sou um cara muito tranquilo. Fico mais em casa. Na parte do treinamento prefiro minha seriedade", disse à Folha.

No esporte, ambos deixaram os estilos antagônicos de lado por um bem comum: disputar a prova em dupla do C2 1.000 m.

Ficarem em primeiro lugar nas eliminatórias, conseguiram se classificar direto para a final, sem precisar disputar a semi. Na briga pela medalha, levaram a prata, que consolida a força dos dois na categoria.

Erlon e Isaquias já eram os atuais campeões mundiais da distância. Triunfaram em Milão depois de remarem juntos pouquíssimas vezes antes.

"Ficamos surpresos com o resultado do Mundial, mas vimos que não precisamos de muito tempo para ir bem."

Erlon é caseiro e religioso. Em Lagoa Santa (MG), onde fica a base da seleção de canoagem velocidade, ele é o único que vive fora da casa que reúne técnicos e atletas. Mora com a mulher, Rosângela.

O dia do baiano geralmente começa às 7h, e meia hora depois ele se senta à mesa para o café. Por volta de 8h, já está ajudando o técnico espanhol Jesús Morlán a levar os barcos para a água da lagoa, o que faz desde o final de 2014 e já se tornou um ritual.

"É um pouco santificada, essa história: Lagoa Santa, Jesus...", brincou o atleta, evangélico devoto por influência de sua avó. "Faço muita oração e converso com Deus. A gente deve ter essa convicção de que ele está conosco em todos os momentos."

Que esporte é esse? - Olimpíada - Folha de S.Paulo

Ao contrário do parceiro de barco, ele disputa no Rio sua segunda Olimpíada. "Se ganhar medalha agora, vou ficar uns quatro dias sem tirá-la do pescoço", comentou, antes do triunfo na lagoa Rodrigo de Freitas.

Isso não se deve apenas ao título de medalhista olímpico. Mas tem muito a ver com a trajetória pessoal. Descoberto em um projeto social em sua cidade natal, Ubatã (BA), Erlon precisou de insistência e criatividade para não deixar a canoagem velocidade.

"Eu tinha que correr atrás de patrocinadores e passagens aéreas. Ia pessoalmente atrás de empresa, no comércio. Alguns amigos que me ajudavam, mas era muito ruim porque tinha que deixar de treinar e ir atrás de recursos", comentou.

Erlon conta que, como não sabia como fazer um currículo, fazia tudo na boca. Certa vez, em 2008, precisou ir a uma seletiva importante em Curitiba. Conseguiu, depois de passar por penúria. "Tinha dia em que voltava para casa com alguma coisa, outro não. Tinha dia que chegava animado, outro desanimado. Mas foi ali que tudo começou", recordou-se.

Brasileiros classificados para a Olimpíada

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