Futebol à parte, a primeira competição olímpica disputada no Rio de Janeiro foi o tiro com arco. Sem transmissão. Mas só um susto.
Ao contrário da previsão de medalhas do Brasil, aquém do previsto pelo COB, a de transmissão superou qualquer expectativa. Cortesia do SporTV, que pertence à Globo, e seus 16 canais, um recorde. Nunca antes quem acompanhou os Jogos apenas do sofá teve tanta fartura. Aliás, o sofá foi ampliado por transmissões com qualidade em tablets e celulares. Quem não caçava Pokémon podia tranquilamente ir atrás de medalhas no ônibus mesmo.
A diferença do SporTV em relação à concorrência foi tão grande que me deu a impressão de que outros canais, como a ESPN, diminuíram suas "horas olímpicas" em relação a Jogos passados.
Das 42 modalidades disputadas, passei em branco apenas no golfe, na canoagem slalom e no ciclismo BMX (aliás, fui checar agora e percebi que disputaram ginástica de trampolim, conhecida nos bufês infantis como cama elástica).
Em outras, a exemplo do polo aquático ou tiro esportivo, não consegui ver um jogo inteiro, mais por falta de interesse do que de oportunidade.
Diego Padgurschi/Folhapress | ||
O ex-tenista Gustavo Kuerten, o Guga, chega aos estúdios da TV Globo no Parque Olímpico da Barra |
Com centenas de horas de TV, claro, não faltaram erros, gafes e comentários inapropriados de especialistas sem nenhum timing televisivo. Tudo perdoado diante da oferta oferecida.
A democracia que imperou no SporTV não foi exatamente compartilhada pela Globo, que investiu pesado na Olimpíada –talvez por ter perdido os Jogos de Londres para a Record.
Quase todas as manhãs eram dedicadas ao handebol, cortado por alguma luta de judô, enquanto as tardes foram da ginástica (artística ou rítmica). Mesmo após o fim da artística, a emissora resolveu transmitir a ginástica gala (um Cirque du Soleil olímpico) no lugar de uma competição que valia medalha. Pelo menos a emissora foi recompensada com três pódios (dois inesperados) da ginástica masculina.
Às noites, a emissora se dedicava ao futebol ou ao vôlei enquanto tivesse Brasil. No vôlei feminino, por exemplo, sem as meninas de Zé Roberto, a final foi trocada pelo filme "Até que a Sorte nos Separe 2".
Das narrações e comentários propriamente ditos, ficou claríssimo que Milton Leite é o Usain Bolt das transmissões esportivas: bem-humorado, relaxado e anos-luz na frente da concorrência.
Aliás, Galvão Bueno conseguiu irritar até comentarista da BBC em prova de natação.
Talvez pela maratona na TV, a voz do homem que nunca cala foi definhando. Na final do futebol masculino já beirava o sofrível. Desnecessário, não é preciso colocar Galvão irritantemente no "Jornal Nacional", e na natação, e no atletismo, e no futebol etc. Galvão já foi um dos melhores, mas já está na hora de passar o bastão adiante. Seeeegue o jogo.
É OURO....
Milton Leite, gênio falando palavrão à produção ou chamando Bolt de fanfarão.
Gustavo Kuerten, na Globo, tão carismático que era chamado até para comentar boxe (e sem perder a simpatia).
Rômulo Mendonça, da ESPN, acrescentando o caos ao vôlei.
Choro dos atletas na TV. O choro olímpico é muito mais legal que o de Copa do Mundo.
...FORA DO PÓDIO
Record corta o hino no vôlei de praia para exibir programa religioso.
Comentaristas secando loucamente rivais do Brasil (cadê o espírito olímpico?)
Datena, da Band, narrando partidas de vôlei.
Alex Escobar, da Globo, narrando qualquer esporte olímpico, valendo ou não medalha.